A REBIA pediu esclarecimentos à INB que confirmou o rompimento e esclareceu que o mesmo não afetou nem ao meio ambiente nem aos trabalhadores e que já comunicou o fato aos órgãos licenciadores. Por meio deste, e atendendo solicitação de organizações sócio ambientais de Caetité e Lagoa Real, indagamos se V. Sas. foram informadas do rompimento de uma tubulação ocorrido na unidade mínero-industrial da
Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no domingo (02/05), que já levou milhares de litros de licor de urânio para o solo, na área de extração e beneficiamento deste minério, no distrito de Maniaçu, no sudoeste da Bahia.
Segundo o que se comenta na cidade desde ontem, o acidente, visto como dos mais graves de uma série ocorrida desde que a INB começou a minerar, em 2000, levou a direção da INB a suspender as atividades, deslocando todos os setores para um esforço concentrado a fim de recolher o solo atingido pelo urânio: retro-escavadeiras estariam trabalhando no local a todo vapor, para concluir logo a coleta e depósito do solo nas pilhas de estéril, antes da chegada de equipes de
fiscalização dos órgãos ambientais.
Este é mais um evento, que só vem comprovar a insegurança nas instalações e no processo produtivo da INB, detalhadamente descrita no Relatório sobre Fiscalização e Segurança Nuclear no Brasil, da Câmara de Deputados, também evidenciada em parecer do Tribunal de Contas da União sobre o setor nuclear.A situação na URA/Caetité é tão grave que gerou uma Ação Civil Pública por parte do Ministério Público Federal, em julho do ano passado, recomendando a suspensão imediata das atividades da mineradora até que seja garantida a segurança dos trabalhadores, da população, do meio ambiente, e sanadas as irregularidades do sistema de radioproteção e segurança, principalmente, a separação entre o fomento e a fiscalização das atividades nucleares.
Ainda que a Justiça Federal, em Guanambi, tenha permitido a continuidade do funcionamento da INB, negando a liminar pedida pelo MPF, inclusive, apesar da comprovação da contaminação da água de poços, usados para consumo humano e animal, os habitantes da região, em especial os moradores do entorno da mina, mais diretamente atingidos pela mineradora, esperam que os órgãos competentes, desta vez, tomem as providências cabíveis e urgentes que mais este grave acidente exige. Requerem, ainda, com base no direito democrático à informação e na lei de Acesso à Informação Ambiental, (No. 10.650, de 16 de abril de 2003), que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações ambientais existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), esclarecimentos sobre as medidas eventualmente adotadas por V. Sas. e a revelação das reais conseqüências que estes eventos trazem para a região e suas populações.
Atenciosamente,
Comissao Paroquial de Meio Ambiente de Caetité
Associação Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça, Cidadania - assmpj@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Caetité e Salvador, 04 de maio de 2010
Enviado para: Sra. Izabella Mônica Vieira Teixeira, Ministra de Meio Ambiente; Sr. Abelardo Bayma Azevedo, Presidente do IBAMA; Sr. Pedro Alberto Bignelli, Diretor de Licenciamento Ambiental – DILIC; Sr. Célio Costa Pinto, Superintendente do IBAMA / Bahia.
Com cópia: Ministério de Ciência e Tecnologia; Ministérios membros do Conselho Nacional de Política Energética; Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia; Diretoria do INGA; Diretoria do IMA; Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia; Ministério Público Federal da Bahia; Ministério Público Estadual da Bahia.
Fonte: Associação Ambientalista Corrente Verde em:
RESPOSTA DA INB
"As Indústrias Nucleares do Brasil comunicam que, às 11 horas do dia 2 de maio, durante a operação de limpeza da bacia TQ-1401 para remoção dos precipitados depositados no fundo da mesma, ocorreu rompimento de uma tubulação de transferência provisória desse material para a área de tratamento de efluentes. O incidente resultou no derramamento de parte desses precipitados contendo pequena concentração de urânio, sobre uma área controlada de terreno de argila compactada e brita, de aproximadamente 70 m2.
Os trabalhos de remoção foram iniciados imediatamente. O meio ambiente não foi afetado e esse incidente não significou risco radiológico para os trabalhadores, que usavam equipamentos de proteção adequados e não foram atingidos pela lama.A INB já comunicou o fato aos órgãos licenciadores – IBAMA e CNEN – que receberão também um relatório circunstanciado sobre o evento, que ficou restrito à área controlada 140.
A INB reafirma o seu compromisso com a transparência, com a preservação do meio ambiente e da saúde de seus trabalhadores e da população da região."
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