Dom, 16/Mai/2010 11:31 Oceanos
Cientistas norte-americanos detectaram gigantescas “plumas” de óleo submersas no Golfo do México, as primeiras com 15 km de comprimento, 5 km de largura, e 100 metros de espessura.
“Há uma quantidade chocante de óleo nas águas profundas em comparação com o que se pode ver na superfície”, declarou Samantha Joye, uma pesquisadora da Universidade da Geórgia que integra uma equipe encarregada de fazer uma avaliação detalhada do que está acontecendo no Golfo do México. “Há uma tremenda quantidade de óleo em múltiplas camadas, três ou quatro camadas na profundidade das águas”.
Essas plumas de óleo estão consumindo o oxigênio das águas do Golfo, o que faz os cientistas temerem que o oxigênio dissolvido se reduza tanto que mate toda a vida marinha na proximidade das plumas de óleo. Em algumas áreas, a redução das taxas de oxigênio já é da ordem de 30%.
Esse grupo de cientistas trabalha a bordo de um navio de pesquisas de forma independente do governo, da BP, e das usuais ONGs performáticas de plantão. Esse grupo de pesquisadores estima que o vazamento contínuo situa-se em algum ponto entre 25.000 e 80.000 barris por dia, volume muito superior às estimativas governamentais e da BP, que são
da ordem de 5.000 barris por dia.
As estimativas do governo e da BP são baseadas apenas na quantidade de óleo visível na superfície através de satélites, enquanto as outras consideram uma recente filmagem - publicada pela Agência REBIA antes dos demais órgãos de imprensa do Brasil – e as medições preliminares do óleo que permanece em camadas entre 750 e 1.200 metros (ou seja, no fundo do oceano).
Uma explicação possível para essa permanência do óleo submerso é o uso massivo de dispersantes químicos abaixo da superfície. Esses dispersantes nunca foram usados antes em grandes quantidades em águas profundas. O dispersante Corexit 9500 causa a formação de gotículas de óleo pequenas demais para subirem rapidamente. De toda forma, os dispersantes não chegam a decompor o óleo (o que é feito ao longo do tempo por bactérias – daí o elevado consumo de oxigênio nas águas profundas após o acidente).
Alan Levine, Secretário de Estado de Saúde da Louisiana, afirmou que as preocupações com o uso dos dispersantes é que não existe praticamente nenhuma informação sobre os seus efeitos tóxicos. O fabricante afirma que existe um “perigo moderado” para os seres humanos, podendo resultar em irritações da pele, dos olhos e do sistema respiratório. O dispersante é, também, bioacumulativo na cadeia alimentar.
Cinicamente, a BP insiste em que não vai fazer qualquer reavaliação de sua metodologia para calcular a quantidade de óleo vazando, sob a alegação de que isso a afastaria do objetivo principal que é o (assim chamado) “esforço da resposta”.
Este link (do site do NY Times) mostra imagens dinâmicas da evolução da extensa mancha de petróleo visível – isto é, na superfície – e vale clicar em Play – acima, à esquerda - para ver a evolução diária da situação. Na coluna da direita contem informações em milhões de galões (e não de barris): o volume estimado de óleo segundo a Administração Nacional do Oceano e da Atmosfera do governo dos EUA – 5, 5 milhões -, o volume mínimo estimado pelo professor MacDonald, oceanógrafo da Universidade da Flórida – 29 milhões de galões, (o máximo seria 80 milhões de galões), e o pior cenário antecipado pela própria BP até a contenção do vazament0 – 65,7 milhões de galões. Até hoje, o pior vazamento de óleo da história foi causado pelo navio Exxon Valdez – 10,8 milhões de galões.
(Um barril de petróleo equivale a 31 galões, e as conversões não foram feitas, aqui, para que os números sejam iguais aos mostrados no link).
Com a evolução desse vazamento, fica evidente que a tecnologia para controle de um acidente desse tipo em águas profundas – isto é, para a vedação do poço - não foi desenvolvida em paralelo com os avanços tecnológicos para fazer a extração do petróleo.
[Fontes– The New York Times e The Guardian]
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