terça-feira, 30 de março de 2010

Coca-cola lança garrafa PET feita a partir de etanol de cana-de-açúcar


A Coca-Cola Brasil deu, nesta emana, o primeiro passo rumo à garrafa PET sustentável e torna-se a empresa pioneira no lançamento da “plantbottle” na América Latina. Trata-se de uma embalagem feita de PET (politereftalato de etileno) no qual o etanol da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo.

Por ter em sua composição 30% de ingredientes vegetais, a nova garrafa plástica reduzirá a dependência da Coca-Cola em relação aos recursos não-renováveis, e deve diminuir em até 25% as emissões de CO² da companhia.

O lançamento do produto ocorreu na última quinta-feira, (25/03), no Rio de Janeiro e contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; do presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa; do vice-presidente de Técnica e Logística da empresa, Rino Abbondi; do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar(Unica), Marcos Jank; e da gerente de Operações do Instituto Akatu, Heloisa Mello.

Sem mudança de propriedades químicas, cor, peso ou aparência em relação ao PET convencional, a “plantbottle” é 100% reciclável e já entra na cadeia de reaproveitamento de materiais consolidada no País desde sua chegada ao mercado. A nova garrafa começará a ser comercializada em abril, inicialmente nas embalagens de Coca-Cola de 500ml e 600 ml, no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre.

“Houve uma grande mobilização e investimentos para chegarmos à nova fórmula e, com seu lançamento, confirmamos novamente nossa posição de vanguarda na inovação de embalagens. Ao substituir parte do petróleo usado na fabricação do PET por etanol de cana-de-açúcar, um recurso absolutamente renovável e abundante no País, a Coca-Cola Brasil inaugura uma nova era para as embalagens plásticas”, afirma Xiemar Zarazúa, presidente da Coca-Cola Brasil.

Além dos benefícios ambientais - que incluem a expectativa de que, em 2010, a produção inicial das garrafas “plantbottle” resulte na redução de uso de mais de cinco mil barris de petróleo -, o uso da nova tecnicologia também trará vantagens economicas para o Brasil. Segundo Rino Abbondi, vice-presidente de Técnica e Logística da empresa, “a cana-de-açúcar é a fonte mais eficiente para a fabricação de etanol. Em decorrência disso, o Brasil destaca-se como futuro exportador de bio-MEG ( o componente usado na plantbottle), fomentando assim a geração de empregos e alavancando o setor sucroenergético do País.

O Brasil é um dos primeiros mercados a adotar a “plantbottle” e acreditamos que, com isso, a Coca-Cola Brasil e seus fabricantes incentivam as demais indústrias a tomar medidas semelhantes. Vale destacar que 100% das embalagens de “plantbottle” de todo o mundo usará etanol brasileiro”.


terça-feira, 23 de março de 2010

Recuperação do Haiti precisa muito mais do que dinheiro


Por Jim Lobe, da IPS
Washington, 19/3/2010 - O Haiti não precisa apenas de US$ 11,5 bilhões nos próximos três anos para se recuperar do devastador terremoto de 12 de janeiro, mas também de uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo, segundo especialistas. Numerosos observadores dos Estados Unidos consideram que a "Avaliação Preliminar de Danos e Necessidades", que estima essa quantia, é um primeiro passo importante para o planejamento do processo de recuperação. O informe foi preparado pelo governo haitiano com ajuda de diversos doadores.

Mas também expressaram suas dúvidas quanto aos doadores estarem dispostos a prometer a quantia total na conferência da Organização das Nações Unidas, no dia 31 deste mês, em Nova York. "Creio que a Avaliação Preliminar fixa prioridades muito sensíveis e é importante para dar preço aos objetivos", reconheceu Dan Erikson, especialista em assuntos do Caribe do grupo de estudos Diálogo Interamericano. As autoridades haitianas calcularam os danos e as perdas causadas pelo tremor em US$ 8 bilhões, segundo o rascunho da Avaliação Preliminar.

O valor equivale a cerca de 120% do produto interno bruto de 2009, o maior custo relativo do mundo causado por um terremoto, desde que é usada a atual metodologia de avaliação de custos de desastres naturais, adotada pela comunidade internacional há 35 anos, segundo o documento. Antes do terremoto, o Haiti já era o país mais pobre do continente. As autoridades estimam que o tremor matou 220 mil pessoas e deixou mais de 300 mil feridas.

Aproximadamente, 1,3 milhão de pessoas vivem em abrigos provisórios em Porto Príncipe e nos arredores da capital, enquanto mais de 500 mil fugiram para outras regiões, "agravando os problemas já existentes de disponibilidade de alimentos e serviços básicos", segundo o informe. O problema mais imediato para o governo e as agências humanitárias é se preparar para a temporada de chuvas, que costuma começar em abril, pois representa um risco para as cidades de barracas de campanha que se espalharam depois do terremoto.

A Avaliação Preliminar, com a qual contribuíram cerca de 250 especialistas haitianos e internacionais, será a base para as discussões da conferência de doadores que será presidida pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. Washington, que já gastou quase US$ 800 milhões em assistência de emergência e recuperação, prometerá mais de US$ 1 bilhão adicionais para os próximos três anos na conferência do fórum mundial, segundo fontes próximas. Também disseram que as cifras definitivas não estão decididas e que podem 
ser significativamente maiores.

O governo haitiano necessitará de ajuda internacional "simplesmente para cobrir os salários de seus funcionários no futuro imediato", disse Ban em entrevista à imprensa, após se reunir, no dia 16, com o presidente do país, René Préval, em Porto Príncipe. "Abrigo, saneamento, assistência humanitária permanente e para a reconstrução são as principais prioridades", afirmou o secretário-geral. Além disso, acrescentou que a ONU e outros doadores ofereceram apenas 60% das barracas de campanha, lonas e lençois de plástico para os 1,3 milhões de desabrigados. "Continuaremos acelerando o processo antes da estação das chuvas e dos furacões", assegurou.

Outro grande desafio é retirar os cerca de 40 milhões de metros cúbicos de escombros e criar dezenas de milhares de empregos. Quase 10% da população economicamente ativa do Haiti ficou sem trabalho, segundo a Avaliação Preliminar. O rascunho qualifica de "enorme" o dano causado à infraestrutura pelo terremoto. Cerca de 105 mil casas ficaram totalmente destruídas, enquanto o dobro dessa quantia sofreu danos estruturais. O setor foi, de fato, o mais atingido. Mas, também 1,3 mil instituições de ensino e mais de 50 hospitais e centros de saúde ficaram inutilizados.

Dos US$ 7,86 bilhões estimados para os danos e as perdas, US$ 4,3 bilhões correspondem à destruição da infraestrutura, desde moradias e estradas até portos, cerca de 55%, conclui a Avaliação Preliminar. O balanço das perdas inclui desde produção, emprego, salários e alugueis até outras fontes de renda. Dos US$ 11,5 bilhões necessários para a reconstrução durante os próximos três anos, quase US$ 2 bilhões serão destinados à infraestrutura, desde moradia e transporte até energia e telecomunicações.

Além disso, US$ 5,4 bilhões são necessários para saúde, educação, alimentação, água e saneamento, e US$ 1,7 bilhão para resolver problemas ambientais com a contaminação e a gestão de outros riscos de desastres. Também serão destinados US$ 800 milhões para melhorar a governabilidade e os serviços públicos, enquanto outro US$ 1 bilhão para os setores industrial e turístico, segundo o documento, onde se esclarece que os dados ainda não foram "autorizados, priorizados nem ratificados" pelo governo.

A Avaliação Preliminar recomenda adotar uma estratégia de desenvolvimento no longo prazo que vise a criação de oportunidades econômicas em áreas rurais em lugar da capital, que concentra a economia e a política do país. Sessenta e cinco por cento "da atividade econômica se concentra em Porto Príncipe e não são aproveitados os recursos de outros departamentos", diz o documento. "A saída de 500 mil pessoas da capital permitirá desenvolver outros polos de crescimento no país", acrescentou. O governo deve conseguir que as pessoas deslocadas se assentem em torno dos polos de desenvolvimento e construam infraestrutura e serviços para, assim, "acelerar o processo de descentralização", afirmou.

"Porém, restam muitas dúvidas sobre como dirigir os recursos ao Haiti de forma efetiva", disse Erikson com ceticismo, se referindo à capacidade do país para absorver o equivalente a quase US$ 4 bilhões ao ano em ajuda estrangeira. "Há consenso sobre a importância de o Estado haitiano ser capaz de gerir recursos e executar projetos e isso não será alcançado se o dinheiro for canalizado principalmente por meio de organizações não governamentais e empresas de construção estrangeiras", acrescentou. "Contudo, todo mundo reconhece que o governo do Haiti tem capacidade limitada, o que exige um esforço especial para que a adquira", afirmou Erikson à IPS.

Por seu lado, a especialista Vicki Gass, do Escritório de Washington sobre a América Latina, disse que espera conhecer mais detalhes sobre a implementação do plano, especialmente quanto ao desenvolvimento de novos centros de atividade econômica e com relação ao papel da sociedade civil em melhorar a governabilidade e a transparência. O rascunho "menciona o apoio da sociedade civil para promover o diálogo sobre políticas públicas. É importante, mas, o que significa?", perguntou. "Caberá à sociedade civil algum papel garantindo que a assistência será usada para cumprir os objetivos previstos?", acrescentou. IPS/Envolverde

A gestão do lixo de praia

 Por Walter Martin Widmer


Esse texto explora as maneiras como o ser humano vem buscando resolver o problema do lixo nas praias. Em outras palavras, as linhas abaixo abordam a gestão do problema do lixo praial.
De maneira bastante ampla, as iniciativas gerenciais para reduzir esse problema podem ser divididas em duas estratégias fundamentais: (a) retirar periodicamente o lixo que já se encontra na areia; e (b) evitar que o lixo venha a se depositar na areia.
A retirada periódica do lixo é a abordagem mais convencional. Inclui a prática freqüente das prefeituras dos nossos municípios costeiros em deslocar equipes de trabalhadores para limpar algumas praias. Em países onde a mão-de-obra é relativamente barata, como no Brasil, essa atividade ainda é pouco mecanizada, com o uso intensivo de trabalhadores, que utilizam carrinhos-de-mão, pás, rastelos, ancinhos e outras ferramentas similares. Essa atividade é mais freqüentemente praticada nos meses de verão, quando a quantidade de lixo costuma ser maior e é vista por um número maior de pessoas. É comum que tais atividades sejam reduzidas ou até mesmo interrompidas no inverno. A lógica das nossas prefeituras parece ser a de que o custo de limpeza da praia só se justifica quando essa ação ganha bastante visibilidade, o que tipicamente ocorre nos meses quentes, quando a praia é bastante visitada, quer por moradores do município (gerando um benefício político para o administrador público), quer por turistas (gerando um benefício econômico para esse setor). Em outras praias, a ausência da ação da prefeitura faz com que a iniciativa privada interessada (hotéis, restaurantes, bares de praia, entre outros) tome para si a responsabilidade de retirar o lixo da praia. Em países desenvolvidos, onde a mão-de-obra é mais cara, o uso de maquinário específico para esse fim, tais como tratores especiais, é mais vantajoso economicamente.

Empresa californiana promete transformar CO2 em material de construção


Ter, 23/Mar/2010 05:38 Lixo e Reciclagem
  
Fabiano Ávila

Em mais uma tecnologia que pretende capturar e armazenar carbono (CCS), a empresa Calera afirma ter desenvolvido um processo que transforma o dióxido de carbono (CO2) em uma espécie de cimento para a construção civil.

Segundo Brent Constantz, fundador da Calera, a idéia para a tecnologia surgiu da observação dos corais do Caribe que utilizam o CO2 nos seus esqueletos.

A empresa se nega a divulgar maiores detalhes do processo, mas afirma que ele combina o CO2 com água do mar, que contém cálcio, magnésio e oxigênio. Assim, obtém o carbonato de cálcio ou o carbonato de magnésio, os quais são utilizados para a produção do cimento ou agregado.

A Calera pretende misturar o seu produto com cimento convencional para torná-lo mais atrativo para os consumidores. A intenção é vender o “cimento de CO2” para a construção de pavimentos.

A invenção já ganhou destaque na imprensa, sendo motivo para uma reportagem no New York Times. Porém ainda existe muito ceticismo por parte da comunidade científica.

“Eu acho que só vão acreditar em nós quando estivermos em completa operação”, resumiu Constantz.

Energia nuclear volta à tona

Ter, 23/Mar/2010 05:22 Energia

Por Washington Novaes, jornalista - wlrnovaes@uol.com.br


As questões referentes a formatos de energia, já no centro das discussões quando o tema são mudanças climáticas, também por isso alimentam algumas das mais complexas polêmicas de hoje - principalmente a da energia nuclear. E o combustível mais inflamável dessa polêmica é o mais recente livro de James Lovelock, "pai" da "Teoria Gaia", que entende o universo como um organismo vivo. Lovelock, que já foi adversário acirrado da energia nuclear, agora pensa (Gaia: Alerta Final, Editora Intrínseca, 2010) que não há tempo para esperar outro formato eficaz de redução nas emissões de poluentes, a não ser a energia nuclear. Considera pequenos os riscos de acidentes na operação (no pior desastre, Chernobyl, morreram 70 pessoas, diz). Quanto à falta de destinação para os perigosos resíduos das usinas, afirma que o lixo nuclear de uma geradora de mil MW "cabe num táxi", e terá sua radioatividade comparável à do urânio natural em 600 anos. Mas ressalva que não considera a energia nuclear a melhor opção para o Brasil, que tem feito "um bom trabalho com hidrelétricas"; só para países populosos com restrições de espaço.

Seja como for, há uma ofensiva no mundo em favor da energia nuclear. Mas também surgem estudos - até estritamente econômicos - para apontar seus problemas e sua inviabilidade. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, hoje há 53 usinas nucleares em construção no mundo, para gerar 47.223 MW até 2017. Elas se somarão às 436 em operação, com 370.304 MW, que correspondem a 17% da energia total. A elas se devem juntar mais 135 em fase de planejamento (148 mil MW), que elevarão a potência instalada em 50%. China (16 usinas), Grã-Bretanha (10), Rússia (9), Índia e Coreia do Sul (6 cada), Bulgária, Ucrânia, Eslováquia, Japão e Taiwan (2 cada) são os países com maior número de projetos (O Globo, 25/1). Mas nos EUA, com mais uma usina em construção (já tem 104, ou 19% da energia total), o presidente Barack Obama anunciou em fevereiro medidas que estimularão esse setor. Ao todo, US$ 54,5 bilhões para várias usinas - embora haja muitas controvérsias internas, já que não há destinação final para resíduos, que continuam armazenados em "piscinas" nas próprias geradoras (o depósito "final" em implantação sob a Serra Nevada continua embargado pela Justiça). Os Emirados Árabes Unidos tocam seu projeto, assim como a Argentina, a Finlândia, a França, o Irã, a Indonésia. Na Itália, que renunciou à energia nuclear em 1987, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi está oferecendo incentivos financeiros a municípios que aceitem novas usinas. O argumento central é o de que a Itália importa 85% da energia que consome.

Por aqui, o presidente da República e a ministra Dilma Rousseff continuam a defender novas usinas, além de Angra 3, que já teve licença prévia do Ministério do Meio Ambiente. Seu argumento principal é de que sem elas teremos problemas de abastecimento de energia, por causa das "dificuldades ambientais" no licenciamento de hidrelétricas. Só não se sabe ainda onde serão e quantas (fala-se de 4 a 8). Mas isso não elimina polêmicas. Ainda por ocasião dos mais recentes deslizamentos de terra e mortes que levaram à interdição da BR-101 perto de Angra dos Reis, o prefeito dessa cidade pediu o fechamento de Angra 1 e 2, argumentando que não haveria como evacuar a população se um deslizamento ameaçasse uma das usinas. Não foi atendido. E num recente programa Roda Viva, na TV Cultura de São Paulo, o professor Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que será o coordenador da política científica brasileira na área do clima, ao comentar números sobre a elevação do nível do mar no litoral fluminense, respondeu que se deveria ter muito cuidado no licenciamento de Angra 3, tendo em vista essa questão e os depósitos de lixo nuclear nas duas usinas já em funcionamento.

Mas a questão da segurança não é a única polêmica. Na Europa, nova discussão está em curso, após a divulgação (IPS/Envolverde, 27/2) de estudo do Citibank, sobre riscos tecnológicos e financeiros dos projetos nucleares. Diz ele - New Nuclear - the economics say no - que esses riscos são tão altos que "podem derrubar financeiramente as maiores empresas de serviços públicos. Uma usina de mil MW, afirma, pode custar US$ 7,6 bilhões e levar 20 anos para dar lucro - impraticável para empresas.

Entre nós, as notícias sobre investimentos no setor de energia ainda não contabilizam futuros projetos na área - a não ser Angra 3. Segundo o BNDES (Estado, 28/2), os novos projetos de geração, transmissão e distribuição de energia no País absorverão 33,6% dos R$ 274 bilhões que serão investidos na infraestrutura em quatro anos. Aí se incluem R$ 20 bilhões para as usinas do Rio Madeira, R$ 8 bilhões para Belo Monte e R$ 8 bilhões para usinas eólicas. Mas a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia afirma (Agência Estado, 28/2) que as tarifas no setor no Brasil só perdem para as da Alemanha; as residenciais são mais altas que as da Noruega (US$ 184 por MWh ante US$ 48), enquanto as industriais aqui chegam a US$ 138 por MWh, ante US$ 68 no Canadá.

Outra polêmica entre nós está no licenciamento e na implantação de usinas termoelétricas muito poluentes, também com o argumento de que é preciso tê-las de reserva, para a hipótese de a oferta de energia não ser ampliada. O BNDES em 2009 financiou R$ 2,6 bilhões para projetos nessa área, mais de metade do total destinado ao setor elétrico, contemplando projetos de 30 mil MW de energia térmica para serem implantados até 2030. (Folha de S.Paulo, 20/12/2009).

E tudo continuará nesse terreno da polêmica enquanto o governo federal não se dispuser a debater com a sociedade nosso modelo de energia. Uma boa oportunidade poderá ser o novo Plano Decenal de Energia, cuja discussão, em princípio, está programada para as próximas semanas.

Bactérias descontaminam água e solo

Ter, 23/Mar/2010 04:25 Artigos científicos


Pesquisa feita na Esalq-USP seleciona organismos capazes de remediar solos e lençóis d’água contaminados com tetracloroetileno, solvente altamente tóxico e potencialmente carcinógeno 

por Fábio Reynol

Por ser um solvente potente e não inflamável, o tetracloroetileno (PCE) começou a ser largamente utilizado em meados do século 20 em serviços de lavagem a seco, indústrias metalúrgicas, instalações militares e até em residências.

Com o tempo, entretanto, percebeu-se que o PCE havia se tornado um dos contaminantes ambientais mais frequentes, sendo encontrado em solos e em lençóis d’água e constituindo uma ameaça à saúde e ao meio ambiente.

O produto é altamente tóxico, potencialmente carcinógeno e se acumula no tecido de organismos vivos, podendo afetar o aparelho reprodutor humano. O PCE é enquadrado na família dos produtos orgânicos persistentes, devido à sua resistência à degradação.

Um estudo feito na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba, e apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, mostrou a possibilidade de utilização de consórcios bacterianos para degradar o PCE.

Iniciado em 2006, o trabalho de pesquisa “Desenvolvimento de uma técnica de bioestímulo para a remediação de solo e água subterrânea contaminada com tetracloroetileno”, coordenado pelo professor Marcio Rodrigues Lambais, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq, conseguiu alto índice de degradação do PCE (98%) em um tempo considerado bastante curto (cerca de 12 horas).

“Os resultados publicados na literatura especializada reportam taxas de degradação em torno de 80% de degradação do PCE após um período entre 15 e 20 dias”, comparou Lambais.

Um dos segredos da rapidez da descontaminação obtida pela equipe da USP está no processo utilizado, que emprega bactérias que se desenvolvem com a presença de ar. Apesar de pouco utilizado no Brasil, o método de descontaminação por bactérias aeróbias apresenta outra vantagem: a praticidade.

“Geralmente, os organismos anaeróbios [que vivem na ausência de oxigênio] são sensíveis ao ar, o que dificulta o seu manuseio e a aplicação em campo”, explicou o professor. Para desenvolver a pesquisa, o grupo localizou uma área contaminada na capital paulista, de onde retirou amostras de água para serem testadas em laboratório.

Com a água, o grupo levou também amostras de sedimento, das quais isolou as bactérias locais. Esses organismos passaram por triagem para selecionar aqueles com potencial de degradação do PCE. Os pesquisadores utilizaram espécies de Microbacterium, Stenotrophomonas, Exiguobacterium, Bacillus, Acinetobacter, Pseudomonas e Cupriavidus, dentre outras bactérias.

A utilização de microrganismos locais é importante, de acordo com Lambais, uma vez que eles já estariam adaptados ao ambiente contaminado. “Introduzir novas bactérias em um ambiente contaminado e mantê-las ativas não é uma tarefa trivial, pois as bactérias introduzidas normalmente apresentam baixa capacidade de colonização do novo ambiente e, na maioria das vezes, acabam morrendo”, afirmou.

Para contornar o problema da baixa densidade populacional de bactérias capazes de degradar o PCE, a solução foi enriquecer as comunidades microbianas locais em laboratório utilizando um reator horizontal de leito fixo (RHLF).

Bactérias locais

Os consórcios bacterianos selecionados se mostraram extremamente eficientes na degradação do produto e ainda geraram subprodutos menos nocivos durante o processo, em relação ao processo anaeróbio descrito na literatura.

“Os processos convencionais de degradação do PCE geraram cloreto de vinila, que é altamente tóxico e se dispersa facilmente na água subterrânea. Em nosso processo, em vez de cloreto de vinila foi produzido clorofórmio, que, apesar de tóxico, é facilmente biodegradado”, explicou Lambais.

A técnica de remediação utilizada pela equipe da Esalq pode ser aplicada em campo de duas maneiras: injetando a biomassa cultivada em laboratório diretamente na água ou bombeando a água contaminada para dentro do RHLF. As bactérias presentes no interior do reator eliminam o PCE da água, que pode ser devolvida limpa ao ambiente.

A utilização de um reator, segundo os pesquisadores, proporciona um controle maior da remediação e de sua efetividade. O sistema permite até ajustar as características químicas da água a fim de propiciar condições mais favoráveis para a atuação das bactérias.

Nesse sistema, as bactérias não têm contato com o ambiente externo. “Os organismos não saem do reator”, afirmou Lambais. A equipe não fez um levantamento de custos comparativo entre os dois métodos, mas a rapidez e o alto grau de limpeza alcançados coloca a técnica como uma eficiente alternativa para processos de remediação de água subterrânea contaminada.

Outras alternativas de remediação, como a extração de vapores e adsorção em carvão ativado, chegam a apresentar bons índices de retirada de contaminantes, mas o resultado é um subproduto indesejável, o qual precisa ser destinado a aterros sanitários.

“Nos processos físico-químicos de remediação, com a extração de vapores e adsorção em filtros, o PCE é retirado da água contaminada e transferido para o carvão ativado que fica contaminado, devendo ser disposto em aterros adequados”, disse Lambais. Por sua vez, a técnica de biorremediação degrada o contaminante, não deixando subprodutos tóxicos.

A equipe pretende agora detalhar bioquimicamente o processo de degradação aeróbia do PCE e identificar cada subproduto oriundo desse processo. Esse trabalho está sendo feito pelo doutorando Rafael Dutra de Armas.

Armas participa dessa pesquisa desde 2006 quando iniciou o seu mestrado, o qual contou com bolsa da FAPESP e resultou na dissertação “Caracterização da comunidade bacteriana em água subterrânea contaminada por tetracloroetano e espécies associadas com sua degradação”.

Agora, durante o doutorado, o estudante pretende identificar quais bactérias participaram do processo de degradação do PCE. “Pode ter sido um consórcio microbiano ou um só organismo o responsável pela degradação”, disse Lambais.

Essa identificação deverá facilitar futuros trabalhos de remediação e economizar tempo, uma vez que serão investidos esforços no enriquecimento somente das bactérias envolvidas na degradação. 

ASSISTAM: Responsabilidade Socioambiental Empresarial

Ter, 23/Mar/2010 03:33 Agenda Socioambiental


Data: 25 de março (quinta feira)
Horário: 10h
Local:   Plenário 8 do anexo II da Câmara dos deputados

O Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Deputado Jorge Khoury (DEM-BA ), o Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Sarney Filho (PV-MA), o Coordenador do Grupo de Trabalho de Empresas e Responsabilidade Ambiental , Deputado Raul Henry (PMDB-PE), convidam para reunião de Audiência Pública para discutir e debater sobre a Responsabilidade Socioambiental Empresarial.

Pauta:
  • Apresentação da pesquisa Responsabilidade Social das Empresas - Percepção do Consumidor Brasileiro, realizada pelo Instituto Akatu e pelo Instituto Ethos;
  • Apresentação da nova ISO 26.000 de Responsabilidade Socioambiental pelo grupo GAO;
  • Apresentação dos resultados do projeto End to End, em parceria pioneira com 10 fornecedores do Walmart Brasil,
  • Apresentação do Projeto de Lei 34/07, do Deputado Cássio Tanigushi, que prevê incentivos para construções de edificações urbanas que utilizam tecnologias limpas.
  • Apresentação do Plano de Trabalho do GT Empresas e Responsabilidade Ambiental da Frente Parlamentar Ambientalista

Quatro capitais brasileiras estão entre as mais desiguais do mundo, diz ONU

Ter, 23/Mar/2010 03:51 Ecologia Humana


Goiânia, Brasília, BH e Fortaleza só são menos desiguais que 3 africanas. Número de moradores de favelas caiu 16% no Brasil, segundo relatório.

Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte e Brasília são as cidades mais desiguais do Brasil, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que será divulgado nesta sexta-feira (19), no Rio de Janeiro. Em comparação às cidades no mundo, só perdem para três cidades sulafricanas, que lideram a lista de desigualdade: Buffalo City, Johannesburgo e Ekurhuleni.

O Brasil, no entanto, ainda é considerado pela ONU o pior da América Latina em termos de desigualdade.

Esse é um dos dados que serão apresentados no Píer Mauá, na Zona Portuária do Rio, onde vai acontecer, na próxima semana, o V Forum Urbano Mundial da ONU. Este ano o tema em debate é o crescimento das cidades e as políticas públicas que precisam ser implementadas para o cidadão ter seus direitos garantidos, como o acesso à moradia. Segundo a ONU, mais da metade da humanidade hoje vive em cidades.

As cidades citadas apontaram um valor de Gini, baseado na renda, superior a 0,60. Esse índice varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade entre o que as pessoas ganham).

No documento, a ONU ressalta que quando o índice de Gini tem como base o gasto em consumo, reflete menos desigualdade do que quando se baseia em renda. Isso significa que, mesmo que as cidades brasileiras apresentem um alto índice de desigualdade de renda, o acesso à água potável e ao saneamento básico obtiveram um resultado melhor do que as cidades altamente desiguais dos países pobres africanos.Um exemplo, segundo a ONU, é que em Brasília, apesar do alto valor de Gini, 90% da população tem acesso à água corrente e 85%, a saneamento.

Favelização diminuiu

De acordo com o relatório, 227 milhões de pessoas em todo o mundo deixaram as favelas na última década. O documento afirma que o Brasil conseguiu reduzir sua população favelizada em 16% desde 2000. Cerca de  10,4 milhões de pessoas melhoraram as condições de vida nesses 10 anos.

A redução na favelização no Brasil é atribuída, entre outros fatores, a políticas que aumentaram a renda dos mais pobres, redução do crescimento populacional e programas de urbanização.

O documento afirma ainda que China e Índia também melhoraram as condições de moradia de suas populações. Só na Índia, 125 milhões de pessoas saíram das favelas entre 2000 e 2010.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Lançamento do livro Bioindicadores da Qualidade Ambiental Sediado pela SECTMA

No dia 17 de março (quarta-feira), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) do Estado de Pernambuco sedia o lançamento, a partir das 17h, do livro Bioindicadores da Qualidade Ambiental. A obra foi organizada pelas professoras Sigrid Neumann-Leitão (UFPE) e Soraya El-Deir, do Departamento de Tecnologia Rural da Universidade Federal Rural de Pernambuco (DTR/UFRPE).

O livro traz abordagem geral sobre o tema, bem como textos de pesquisadores de diversos grupos, que servem como indicadores de parâmetros ambientais. É um esforço inicial de sistematizar informações técnicas a respeito da temática, buscando agregar pesquisadores especializados e suscitar discussão a respeito do tema Bioindicadores no meio acadêmico. Foca-se, portanto, na formação de técnicos que internalizem o uso desse instrumento da gestão ambiental nas suas práticas. Por seu teor científico e acadêmico, é voltado para estudantes de pós-graduação.

A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente fica na Rua Vital de Oliveira, nº 32 - Bairro do Recife.

fonte: UFRPE
15 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

Alguns resultados do Encontro Nacional de Desertificação

Pacto marca encerramento de Encontro Nacional de Desertificação

(08/03/2010) Da Redação


Representantes de 12 ministérios, dos governos estaduais e municipais, do setor produtivo, da comunidade científica e da sociedade civil encerraram na última sexta-feira (05/03), em Petrolina, PE, o I Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação com um balanço extremamente positivo.
Depois de três dias de muitos debates em torno de temas como arevitalização da caatinga, redução da pobreza, e manejo sustentável dos recursos naturais, o encontro efetivou uma agenda político-institucional com 90 propostas, em um documento denominado Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável do Semiárido Brasileiro.
Segundo o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Egon Krakhecke, um dos destaques do evento foi o anúncio, pelo ministro Carlos Minc, da destinação de 50% dos recursos do Fundo Nacional de Mudanças Clímáticas para o Semiárido brasileiro e as áreas susceptíveis à desertificação. 'Recursos na ordem de R$ 500 milhões anuais que vão fazer a diferença em todo o trabalho integrado da Comissão Nacional de Combate à Desertificação', destacou.
Krakhecke também enfatizou a criação do Fundo Caatinga, que será operacionalizado pelo Banco do Nordeste e vai revitalizar o bioma a partir do repasse de recursos para as comunidades, principalmente de produtores rurais das áreas de sequeiro.
Ao final do Encontro, os representantes das entidades firmaram o compromisso com a Comissão Nacional de Combate à Desertificação, para que ela cumpra seu papel de fiscalizadora das ações para o Semiárido. Presidida pelo ministro do Meio Ambiente, a comissão é integrada por 12 ministérios, sete órgãos federais, 11 governos estaduais, 11 representantes da sociedade civil, um da Anamma e dois representantes de entidades do setor empresarial.

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Minc defende investimentos de US$ 150 bi para combater desertificação no mundo  

[história] O Homem que Cultiva a Água

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Viajando pelo sul da África neste verão (1995) ouvi falar de um homem que cultivava a Água.
Parti à procura sem idéia clara do meu rumo. Me encontrei num ônibus folclórico abarrotado atravessando ruidosamente o interior do sul de Zimbabwe a uns 30 km por hora.
A paisagem era bela: colinas suaves de capim amarelo em terra vermelha, com moitas de arvores retorcidas, às vezes em forma de guarda-chuva. Cochilei até, nove horas depois, chegarmos na região mais seca de Zimbabwe.
Do topo da colina de vegetação semidesértica avistamos uma campina imensa de colinas onduladas cobertas de capim seco e afloramentos de granito; poucas árvores. Lembrei da campina aberta do sudoeste de Arizona. De fato, tudo era coroado por um céu azul límpido como aqueles que do sudoeste árido dos EUA. O ônibus adentrou vagarosamente a capina seca e parou no lugarejo de Zvishavane. Aqui mora o cultivador de água.
Enquanto o sol se punha, procurei um lugar para estender o saco de dormir, e adormeci. Na manha seguinte, peguei carona com a diretora do CARE Internacional. Ela me levou a uma fila de casas térreas. Uma destas era o escritório simples do Projeto de Recursos de água de Zvishavane (Zvishavane Water Resources Project (ZWRP). Lá, na varanda, estava sentado o cultivador de água, lendo a Bíblia.

Na minha chegada ele se levantou com um sorriso enorme e saudações cordiais. Aqui, finalmente, estava Sr. Zephania Phiri Maseko. Ao descobrir a distância que eu percorrera, ele desatou a rir maravilhosamente. Me contou que ultimamente chegam visitantes de todos os pontos do globo, quase diariamente. Mesmo assim, cada um é uma surpresa.
No jipe atravessamos a solavancos as estradas de terra erodidas rumo ao seu sítio, enquanto Sr. Phiri falava, ria, e gesticulava, contando infindáveis analogias e histórias poéticas. A melhor de todas é a dele.
Em 1964 foi dispensado do seu emprego na ferrovia por estar politicamente ativo contra o governo branco rodesiano. O governo alertou que nunca mais trabalharia em nenhuma função. Tendo que sustentar uma família de oito, Sr. Phiri recorreu as duas coisas que tinha: uma propriedade familiar de 3 hectares, e a Bíblia.
Ele não usa a Bíblia somente como guia espiritual - usa como manual de jardinagem. Ao ler a Gênese, viu que tudo de que Adão e Eva precisavam era suprido pelo jardim de Éden. ” Assim”, pensou, “preciso criar meu próprio Jardim de Éden”. Mas se deu conta que Adão e Eva tinham os rios Tigres e Euphrates na sua região. Não tinha nem sequer um riacho intermitente. “Então,” pensou Sr. Phiri, “preciso também criar meus próprios rios. ” Ele fez ambos.
O seu sítio fica nas encostas de uma colina, voltado p/ N-NE (lembrando que este é o hemisfério sul). No topo da colina há um afloramento grande de granito onde a água das enxurradas escorre livremente. A precipitação anual media é de 570 mm ( um pouco acima de 22 polegadas), mas como ele, aponta, é uma média baseada em extremos. Muitos anos são de seca, quando a terra tem sorte se recebe 12 polegadas ( 270 mm) de chuva.
No começo era muito difícil desenvolver as culturas, muito menos lucrar delas, devido às secas freqüentes e falta total de equipamento ou capital para irrigar a partir do lençol freático.
Ele dedicou tempo observando o que acontecia quando de fato chovia. Em pequenas depressões e no lado superior das rochas e das plantas, a umidade do solo durava mais do que em áreas onde a água escoava livremente. Assim começou a auto-educação e o trabalho de coleta de água de chuva. Ao longo de 30 anos Sr. Phiri criou um sistema sustentável que preenche todas as suas necessidades em água, só com a chuva.


“Tem que começar a captação no alto, e sarar as voçorocas jovens antes das velhas e profundas rio abaixo,” diz Sr. Phiri. Começando no topo da divisória de águas ele construiu muros de pedra seca aleatoriamente mas nas linhas de contorno. Tendo funções similares aos gaviões [cestas quadradas de arame preenchidas de rochas utilizadas para captar água e sedimentos em grandes vossorocas, NT ] , estes muros diminuem a velocidade do fluxo de água de tempestades , que atravessa lentamente os espaços entre as pedras. Assim amansa-se o fluxo de água saindo da redoma do afloramento de granito, direcionando-a para reservatórios permeáveis, que, como tudo na propriedade, foram construídas com ferramentas de mão e o suor de Sr. Phiri e suas duas esposas.
O maior dos dois reservatórios ele chama o seu centro de imigração. “É aqui que dou as boas-vindas para a água em minha propriedade e depois a direciono para onde residirá no solo” , ele explica, rindo. “O solo,” explica, “é como uma lata. A lata precisa segurar toda a água. Vossorocas e erosão são como buracos na lata que permitem que a água e a matéria orgânica escapem. Estes precisam ser tapados.” O ” centro de imigração” serve também de medidor de chuva, porque sabe que se encher três vezes durante uma estação, infiltrou chuva suficiente ate o lençol freático para durar dois anos.
O reservatório menor direciona a água via uma manilha para uma cisterna livre de ferro-cimento que alimenta o quintal durante as secas. Tem outra cisterna de ferro-cimento, sombreada por um pé de maracujá luxuriante, que capta a água do telhado. Alem destas duas cisternas , todas as estruturas de captação de água na propriedade visam infiltrar a água no solo o mais rápido possível.
Perto da casa ha uma pia externa onde as águas servidas escoam para uma cisterna subterrânea, forrada de pedras secas, onde a água rapidamente se infiltra. Do topo da divisória de águas ate o fundo existem varias estruturas para a captação de água como represas de retenção, gaviões, terraços, valas de infiltração (”swales”), e “covas de fruição”.
O governo colocou valas de escoamento na região toda muitos anos atrás, mas feitas fora das linhas de contorno, para acabar com a erosão em laminas, levando a água das tempestades para um dreno central. O problema de erosão resolveu-se, mas as terras acabaram sendo roubadas da sua água. Assim, Sr. Phiri cavou grandes “covas de fruição” de 10x6x4 pés no fundo de todas as suas valas. Quando chove, a água enche a primeira cova e o excedente enche o seguinte, continuando assim até os limites da propriedade. Muito depois do fim da chuva, a água continua nas covas, infiltrando no solo.
Em volta das covas capins grosseiros são cultivados para controle de erosão, para cobertura das casas, e venda. Muitas árvores frutíferas vigorosas foram plantadas por Sr. Phiri ao longo dessas valas para fornecer alimentos, sombra, e quebra-ventos. São alimentadas estritamente pelas chuvas e o lençol freático, que vai se aproximando da superfície.
Como Mr. Phiri explica: “Cavo valas e covas de fruição para plantar a água para que possa germinar em outro lugar.” ” Ensinei o meu sistema às árvores,” continua. “Elas entendem-no e à minha linguagem. As coloco aqui e digo ‘Olha, a água esta aqui. Vão a procura.” Nenhuma bacia nem divisória para segurar ou negar a água é colocada em volta delas; as raízes são encorajadas a se esticarem e encontrar a água.
Uma mistura diversa de culturas não híbridas como abóbora, milho, pimenta, beringela, taboa para cestas, tomate, alface, espinafre, ervilha, alho, feijão, maracujá, manga, goiaba, e mamão, juntamente com arvores nativas como matobve, muchakata, munyii, e mutamba são plantadas entre as valas.
Esta diversidade oferece segurança alimentar porque na falha de alguma cultura devido a seca, doença, ou praga, outras sobreviverão. A utilização de culturas não híbridas garante que Mr. Phiri possa colecionar, selecionar, e utilizar as suas próprias sementes de um ano para outro.
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Ha uma abundância de plantas fixadoras de nitrogênio. Guandu é um exemplo, e serve também para forragem e cobertura morta. Sr. Phiri percebeu que solos fertilizados quimicamente não infiltram nem seguram água muito bem. Como diz: “Você aplica o fertilizante um ano, e não no ano seguinte, as plantas morrem. Você aplica esterco e plantas fixadoras de nitrogênio uma vez, e as plantas continuam a prosperar vários anos em seguida. Solo fertilizado quimicamente é amargo.”
Os alimentos e as frutas que Mr. Phiri produz estão longe de serem amargos. Ele tem sido generoso na sua abundância, dando mudas de arvores para quem quisesse. Infelizmente, como ele mesmo aponta, a maioria das arvores que ele doa morrem se não foram implementadas as técnicas de coleta de água antes do plantio. Ele propaga as arvores em sacos velhos de arroz e grãos perto de um dos poços a céu aberto no fundo da propriedade.
Ele descreve os poços com outra analogia: “A água é como o sangue — é sempre atraída à ferida. As vossorocas são feridas. O sangue vai até a ferida para saná-la. Se faz com gaviões e valas de infiltração onde a vossoroca se enche de solo fértil.” Com este conhecimento Mr. Phiri cavou três poços no fundo da sua propriedade sabendo que a água coletada no seu terreno se infiltraria no solo e acharia seu caminho até as feridas no fundo da propriedade.
O solo é sua bacia de captação. No tempo da seca, os poços dos vizinhos secam (mesmo os mais profundos do que os dele) mesmo assim os seus poços sempre contêm água “em que posso mergulhar os dedos”, porque ele repõe de longe mais água dentro do seu solo. Com a exceção de um poço que é forrado e munido de uma bomba manual para água de uso doméstico, os outros são forrados com pedras secas. “Estes poços” ele explica, “são aqueles do homem generoso. A água vem e vai como quiser, porque , como você vê, no meu terreno ela se encontra em todo lugar.”
Em tempos de seca severa, Sr. Phiri tira água destes poços para irrigar culturas anuais nos campos vizinhos. Ele utiliza uma bomba conhecida como Shaduf Egipcio, que não passa de uma bomba manual que utiliza um pneu velho de trator para bombear a água. Uma manivela abre e fecha a bexiga (o pneu) como um acordeão, criando a sucção necessária.
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Um brejo natural luxuriante se encontra abaixo dos poços no ponto mais baixo da propriedade. Aqui Sr. Phiri pratica piscicultura em três reservatórios. Conforme os dois menores vão secando, os peixes são coletados ou realocados ao grande.
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É aqui onde Sr. Phiri instalou uma plantação densa de bananeiras! Terras secas de todo lado, mas na sua propriedade uma floresta de bananeiras! Cana de açúcar, taboa, e capins como capim elefante também são plantadas nos embancamentos para segurar o solo.
O gado se beneficia desta vegetação densa, plantadas para filtrar a água antes que entre no reservatório. Esta forragem nobre é reservada para as vacas prenhas. No começo Sr. Phiri teve de ir a três audiências por violar as leis que proíbem cultivo no brejo. Eram leis do tempo colonial. Finalmente, na terceira audiência, ele conseguiu convencer o juiz a visitar a sua propriedade. Ao ver o trabalho feito, o juiz arquivou a denúncia na hora.
No solo deste sítio fluem os rios “Tigris e Euphrates”; os reservatórios são o local onde afloram. O ciclo do Jardim do Éden do Sr. .Phiri, que começa a ser percebido depois de 30 anos obscuros e às vezes de desprezo, continua a crescer. Das últimas três décadas ele diz: “Claro, é um processo lento, mas é a VIDA. Lentamente implemente os projetos, e conforme a sua vida comece a rimar com a Natureza, logo outras vidas começam a rimar com a sua.”
Em conjunto com a ONG que criou, O Projeto Zvishavane de Recursos Hidricos ele espalha suas técnicas. Influenciou a CARE Internacional na sua região ao ponto que, em vez de distribuir alimentos, eles agora implementam os seus métodos para que as pessoas possam plantar seus próprios alimentos.
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Ele tem visitado escolas onde os professores estavam em greve devido à falta d’água e às condições difíceis em sala de aula empoeiradas e sacudidas pelos ventos. Ele ensinou os professores e estudantes a colher a água da chuva, e juntos transformaram as escolas em jardins luxuriantes, eliminando o motivo de greve. “Lembre que as crianças são as nossas flores, “diz Sr. Phiri, “dê-lhes água, que crescem e dão flor.”
O projeto de Mr. Phiri trabalha localmente (uma grande razão do sucesso) . Mesmo assim o Projeto sempre precisa de fundos. Se você gostaria de ajudar, escreva ao Sr. Zephania Phiri Maseko:

“Meio Ambiente e ONG´s são entrave para desenvolvimento”

Sex, 05/Mar/2010 00:00 Código Florestal Brasileiro


Efrem Ribeiro

O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator da Comissão Especial do Código Florestal da Câmara dos Deputados que é alagoano, disse que por causa de organizações não-governamentais, financiadas com recursos do exterior,e o Ministério do Meio Ambiente, o meio ambiente se tornou um entrave para o desenvolvimento do país, principalmente para a agricultura.

“O meio ambiente se tornou em entrave não só para o desenvolvimento do país como, principalmente, para a agricultura. Nós vemos isso todos os dias. Basta observar que nós não conseguimos fazer uma obra de infraestrutura, não conseguimos fazer rodovias, não conseguimos fazer ferrovias, hidrovias, não conseguimos fazer hidrelétricas para gerar energia para o desenvolvimento do país justamente porque as organizações não governamentais, que não têm interesse no desenvolvimento, bloqueiam todas essas iniciativas”, afirmou o deputado federal.

Aldo Rebelo participou, nesta segunda-feira, de audiência pública na Assembléia Legislativa do Piauí sobre as mudanças do Código Florestal.

Participaram da audiência o presidente da Comissão Especial o presidente, deputado federal Moacir Neguileto (PMDB-PR), e os outros integrantes, os deputados Osmar Júnior (PC do B-PI) e Carlos Brandão (PSDB-MA).

Rebelo disse que está conversando com as autoridades de cada Estado e autoridades ambientais e a partir desta audiência, vai formular um Código do Meio Ambiente, que contemple a produção e o desenvolvimento de cada Estado.

Aldo Rebelo afirmou que o Ministério do Meio Ambiente não leva em conta a realidade de cada Estado e do Brasil e as Organizações não Governamentais, que recebem financiamento estrangeiro, atuam livremente atrapalhando o desenvolvimento da agricultura do País.

“O povo brasileiro precisa tomar café da manhã, almoçar, jantar e ter uma agricultura que produza alimentos para nosso povo e para exportação. temos que defender a agricultura e o meio ambiente.”

Qual foi a conclusão que o senhor tirou da audiência pública na Assembleia Legislativa do Piauí?

Aldo Rebelo
 – A audiência foi muito bem sucedida, nós podemos colher opiniões diferentes, visões distintas da mesma questão e vamos levar em conta o que lá ouvimos para elaborar o nosso relatório.

O que chamou a atenção nas discussões realizadas no Piauí?

Aldo Rebelo 
– Principalmente a aspiração legítima do Estado a ter o direito de se desenvolver, a usar a sua´potencialidade econômica, agrícola e industrial e, ao mesmo tempo, manter a defesa do meio ambiente.

O que deverá ser mudado no Código Florestal?

Aldo Rebelo –
 Nós estamos ouvindo as autoridades de cada Estado, os governantes, as organizações não governamentais e, a partir dessas audiências, nós vamos formular um Código que defenda, ao mesmo tempo, o meio ambiente, a produção e o desenvolvimento do Brasil de cada Estado.

O senhor tem criticado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Por que?

Aldo Rebelo – 
Porque o Ministério do Meio Ambiente não leva em conta à realidade, a situação do Brasil, as organizações não-governamentais recebem financiamento estrangeiro, atuam livremente para tentar impedir o desenvolvimento da agricultura do país e o povo brasileiro, mesmo os ecologistas, precisam tomar café da manhã, almoçar e jantar. Para isso, nós precisamos de uma agricultura que produza alimentos para o nosso povo e, inclusive, para exportação. Então, é preciso preciso desenvolver o meio ambiente e defender a agricultura.

Como o senhor então vê o fato de que muitas tragédias globais estão relacionadas com o não respeito ao meio ambiente?

Aldo Rebelo 
– As tragédias estão ligadas ao aquecimento da terra, cuja origem não temos provas de que seja relacionado com a agricultura. Não é um sujeito que está plantando milho, feijão, café e soja que é o responsável pelas tragédias do meio ambiente. Muitas vezes as tragédias do meio ambiente têm origem na indústria, no aquecimento global que vem do aquecimento solar e , portanto, nós temos que combinar o desenvolvimento da economia e do país, o desenvolvimento do nosso povo com o meio ambiente.

A ação do ministro Carlos Minc está atrapalhando o desenvolvimento do país?

Aldo Rebelo – 
O meio ambiente se tornou em entrave não só para o desenvolvimento do país como, principalmente, para a agricultura. Nós vemos isso todos os dias. Basta observar que nós não conseguimos fazer uma obra de infraestrutura, não conseguimos fazer rodovias, não conseguimos fazer ferrovias, hidrovias, não conseguimos fazer hidrelétricas para gerar energia para o desenvolvimento do país justamente porque as organizações não governamentais, que não têm interesse no desenvolvimento, bloqueiam todas essas iniciativas.

Os governadores dos Estados têm essa preocupação com essa questão?

Aldo Rebelo –
 Não é só uma preocupação de governadores, mas de todos que têm interesse de preservar o meio ambiente, mas também que o Estado se desenvolva como se desenvolveu São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina. Nós perguntamos: o Piauí tem direito a se desenvolver, a ter uma agricultura forte, a ter rodovias, a ter ferrovias, portos e aeroportos?Eu acho que o Piauí, o Amazonas, todos os Estados têm esse direito. Você tem um Estado como São Paulo cruzado de rodovias, portos e aeroportos e o Estado do Amazonas não pode ser uma estrada sequer.


Fonte:  REBIA Sul / Rede na lagoa.