sábado, 12 de dezembro de 2009

Protocolo de Tuvalu divide países em desenvolvimento

Por Juliana Radler






Tuvalu, um pequeno país do Pacífico com uma população de aproximadamente 15 mil pessoas, foi responsável por uma grande movimentação no terceiro dia de negociação em Copenhage. O país, que corre o risco de afundar no oceano devido ao aquecimento global, propôs a criação do Protocolo de Tuvalu, com metas rígidas e imediatas de redução de emissões, em substituição ao Protocolo de Kyoto.


A proposta de Tuvalu foi bem aceita por grande parte dos países africanos, das ilhas do Pacífico e pelos países mais pobres que integram o G77 (grupo composto por 130 países em desenvolvimento, mais a China). Entretanto, as potências emergentes, como Índia e China foram prontamente contrárias à proposta, uma vez que Tuvalu exige metas obrigatórias de redução de emissões dos gases do efeito estufa por parte das maiores economias do mundo em desenvolvimento.

Foi imediatamente criada uma divisão no G77: de um lado os que apóiam a continuidade do Protocolo de Kyoto, no qual apenas as nações industrializadas devem ter compromissos obrigatórios, e de outro os que defendem um novo Protocolo, no qual as economias emergentes também devem assumir metas.

Vários grupos da sociedade civil manifestaram-se favoráveis a Tuvalu e gritavam no Bella Center: "Tuvalu is the real deal" (Tuvalu é o acordo de verdade).

Impasse:

Entre os países ricos também há grande impasse. A União Europeia condicionou a sua presença no acordo que deve entrar em vigor após 2013 à entrada dos Estados Unidos, Japão e de outros países industrializados. Os EUA, por sua vez, já manifestaram que não farão parte de um acordo nos moldes de Kyoto, isto é, sem que haja compromissos por parte das economias emergentes. Além disso, o país é contrário aos repasses de dinheiro para o combate às mudanças climáticas para países em desenvolvimento como a China, por exemplo.

"Não há nenhuma chance. Queremos direcionar os nossos dólares para os países mais pobres. A China tem uma economia dinâmica, está sentada em uma reserva de US$ 2 bilhões. Não creio que seja a primeira candidata para receber recursos públicos", ressaltou Todd Stern, assessor para mudanças climáticas da Casa Branca.

Money talks:

Nestes primeiros três dias de negociação já ficou muito claro que serão muito duras as negociações em relação a um acordo financeiro para definir o montante de recursos e a quem serão feitos os repasses, um dos temas fundamentais nesta COP 15.

Em uma economia globalizada e altamente competitiva, nenhum país quer saber de investir recursos nos seus concorrentes e muito menos assumir metas de redução de emissões sem que o outro lado também tenha compromissos.

Fonte: Diário de Copenhage.

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