quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Brasil tem 2,6 milhões de empregos verdes, diz relatório da OIT


O Brasil já tem 2,6 milhões de empregos verdes e a transição para uma economia que leve a menores emissões de gases de efeito estufa pode aumentar a criação desses postos de trabalho, segundo o relatório Empregos Verdes no Brasil: Quantos São, Onde Estão e Como Evoluirão nos Próximos Anos, que será lançado na quarta-feira (9) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).


O levantamento considera verdes os postos de trabalho em atividades econômicas quer contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental. Em 2008, o total de empregos verdes no país – 2.653.059 – representava 6,73% do total de postos de trabalho formais.

A conta da OIT considerou dados da Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho e Emprego, e agregou os empregos verdes em seis categorias: produção e manejo florestal; geração e distribuição de energias renováveis; saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais; manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais; transportes coletivos alternativos ao rodoviário e aeroviário; e telecomunicações e teleatendimento.

Entre as ocupações listadas estão a produção de mudas, a gestão de manejo florestal, a reciclagem, a fabricação de biocombustíveis e atividades menos óbvias do ponto de vista ambiental, como as telecomunicações (evitam deslocamentos e emissão de poluentes com transporte) e a manutenção de equipamentos eletrônicos (reduzem necessidade de fabricação de novos e aumentam eficiência energética).

De acordo com a OIT, “a geração de empregos verdes não pode estar dissociada da noção de trabalho decente”. Por isso, o levantamento exclui da conta o enorme contingente de catadores de materiais recicláveis, pela falta de proteção social da atividade e pelo grau de insalubridade a que estão expostos. “Embora atualmente não restem muitas dúvidas quanto ao papel positivo desempenhado por esses trabalhadores em relação ao meio ambiente, o fato é que certamente não é esse tipo de postos de trabalho que a OIT pretendia promover”, justifica o relatório.

Além das vagas em atividades econômicas que contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental, a OIT considerou o potencial de criação de empregos verdes por setores baseados na exploração de recursos naturais e que dependem da qualidade ambiental: extração mineral e indústrias de base; construção, comercialização, manutenção e uso edifícios; agricultura, pecuária e pesca; e turismo e hotelaria.

Pelos dados de 2008, esses setores foram responsáveis por cerca de 5,8 milhões de empregos formais. Parte das vagas poderá se tornar sustentável, segundo a OIT, se os setores passarem por um “esverdeamento” dos processos de produção e distribuição.


“O potencial de geração de empregos verdes dessas atividades decorre do fato de serem ao mesmo tempo grandes empregadoras e grandes emissoras de carbono ou ainda grandes consumidoras de energia e de recursos ambientais, muitos deles não renováveis”, aponta o estudo.

No documento, a OIT lista o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca, a obrigatoriedade de inspeção veicular para controle de emissões, a regularização fundiária na Amazônia e a Política Nacional de Resíduos como medidas que poderão impulsionar a geração de empregos verdes no Brasil nos próximos anos.
 
Fonte: Portal REMADE / Agência Brasil.

COP-15 é farsa; Amazônia crescerá com aquecimento


Atento aos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais e às notícias sobre a Cúpula do Clima (COP-15) em Copenhague, Dinamarca, o geógrafo Aziz Ab'Sáber, 85, considerado referência no assunto, ratifica a tese de que o planeta está mesmo aquecendo. Mas não acredita que as medidas apresentadas na conferência possam impedir esse processo.


O professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) classifica a conferência como "farsa". "Em um lugar com mais de 1.000 pessoas, não pode haver debate ou questionamentos", justifica.

Tampouco acredita nas metas levadas para a redução de emissão de CO2: "São metas irreais. Quando um país leva uma meta que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai".

Ponderado, o professor, critica os que ele chama de "terroristas do clima": "Não tenho dúvida de que as causas (do aquecimento) não são tão perfeitas quanto eles pensam".


Ab'Saber estuda geografia há 68 anos (ingressou aos 17 no curso de geografia da USP), ele afirma que os "terroristas" não consideram os movimentos periódicos do clima ou as variações climáticas ao longo da história da Terra.

Sobre as consequências catastróficas prenunciadas pela maioria dos cientistas, ele também faz inúmeras ressalvas. Para ele, o aquecimento não causará a desertificação das florestas tropicais, ao contrário. "A tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam", defende.

principais trechos da entrevista:

O que o senhor está achando da 15ª Conferência das Partes da ONU em Copenhague, a COP-15?

Aziz Ab'Saber-Copenhague é uma farsa, quando eu vi que levaram cerca de 700 pessoas do Brasil pra lá eu disse "meu Deus", essas pessoas não terão um segundo pra falar, nem nada. Para mim, quando uma conferência passa de 1.000 pessoas na sala, elas ficam só ouvindo as metas e propostas dos outros. Não há espaço para debate ou questionamento. Além disso, os países levam metas irreais. Quando um país diz que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai. Espertos são os países que levam metas baixinhas.

E quanto ao objetivo central da conferência: reduzir as emissões de CO2?

Não tenho a menor dúvida de que as causas não são tão perfeitas como eles pensam. Mas é fato que está havendo um aquecimento: Na cidade de São Paulo, no século passado, tinha 18,6 graus Celsius de temperatura média na área central. Hoje, tem entre 20,8 e 21,2 graus. Se a gente fizer a somatória de todas as cidades em São Paulo e as contas do desmate ocorrido no nosso território, veremos que com esses desmates o sol passou a bater diretamente no chão da paisagem. Se esse aquecimento é em função do calor das grandes cidades... O clima urbano deve ser considerado, porque evidentemente esse clima tem certa projeção espacial, em algumas cidades mais em outras menos. Há também que se considerar os efeitos das chamadas Células ou Ilhas de Calor, por que quando eu digo que a temperatura da cidade de São Paulo aumentou nesse século, eu não falo do estado como um todo, nem mesmo da cidade. A temperatura medida na área central é uma, nos Jardins é outra e, lá onde eu moro, perto de Cotia, é outra. E os inúmeros alertas para as consequências do aquecimento: O aumento do nível do mar, a desertificação de florestas...


Mas essas observações de que o aquecimento global vai derrubar a Amazônia são terroristas! Há um aquecimento? Sim, seja ele mediano ou vagaroso, mas, quanto mais calor, a tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam e não que sejam reduzidas. Parece que essas pessoas, esses terroristas do clima nunca foram para o litoral! A gente que observa o céu vê que as nuvens estão subindo e sendo empurradas para a Serra do Mar, levando mais umidade para dentro do território. Esses cientistas alarmistas não observam nada, não têm interdisciplinaridade. Na média, está havendo aquecimento, mas as consequências desse aquecimento não são como eles preveem. Mas essa é uma realidade não relacionada tão diretamente com a poluição atmosférica do globo e pode sofrer críticas sérias de pessoas com maior capacidade de observação.

Esse ano nós tivemos um clima problemático... Enchentes sérias em São Paulo, em Santa Catarina...

Esse ano é um ano anômalo, El Niño funcionou por causa do aquecimento do Pacífico equatorial, a umidade veio pra leste, bateu na Colômbia, lá houve problemas sérios, inundações. Aqui, essa massa de ar úmida entrou pela Amazônia e outras regiões sul-sudeste, e perturbou todo o sistema de massas de ar no Brasil. E continua, isso vem desde novembro do ano passado até hoje. Quando o pessoal diz: "Olha, está muito calor, o aquecimento!", eles não sabem as consequências das perturbações climáticas periódicas. E aí entra o problema da periodicidade climáticas que ninguém fala! Se não falarem disso lá em Copenhague, será uma tristeza para a climatologia. A periodicidade do El Niño é de 12 em 12, 13 em 13, ou 26 em 26 anos. Então ontem, no jornal, alguém disse: "O último ano que fez tanto calor foi em 1998". Há 11 anos, a medida do El Niño, então esse calor, essas chuvas, é um tempo diferenciado provocado pelo El Niño.

E o que aconteceu?

O que aconteceu naturalmente? Sem indústria, sem nada: Entre 23 mil e 12 mil anos A.P. (termo da Arqueologia, significa "Antes do Presente". Tendo por base o ano de 1950), houve um período muito crítico. O planeta passou por um período de glaciação. Devido ao congelamento de águas marinhas nos pólos Norte e Sul, o nível dos oceanos era cerca de 90 metros mais baixo do que o registrado hoje. A partir de 12 mil anos atrás, cessou o clima frio e começou a haver um aquecimento progressivo. Com isso, o nível do mar subiu, ele tinha descido 95 metros.

Isto, por conta do aquecimento...

Com o aquecimento, as grandes manchas florestais, que haviam se reduzido a refúgios, cresceram. A esse processo, que aconteceu principalmente na costa brasileira, eu dei o nome de "A Réplica do calor" e o período foi chamado de Optimum climático. Durante esse Optimum climático, o calor foi tão grande que o nível do mar subiu, embocando nas costas mundiais, formando baías, golfos, rias (canal ou braço do mar)

E o que aconteceu depois?

Houve mais chuvas, o que favoreceu a continuidade das florestas. O optimum é uma fase da história climática do mundo que vários cientistas e o próprio IPCC não consideram. Como naquele período, nem a mata Atlântica nem a Amazônia desapareceram do mapa, não é certo dizer que até 2100 a Amazônia vai virar cerrado.

Qual é o principal risco do aquecimento, então?

Conclusão: se está havendo certo nível de aquecimento que é antrópico (relativo à ação do homem), o que irá acontecer é certo degelo - que não é relacionado com as coisas que eles falam lá de supra atmosfera, o homem tem uma pequena parcela nisso. A conclusão que se chega é que haverá impactos nas cidades costeiras. Realmente é perigoso: há aquecimento, há degelo e o mar está subindo.

Mas esse aquecimento é controlável pelo homem? É possível impedi-lo?

Não é possível. O que é possível é que as cidades costeiras comecem já seus projetos para defender as ruas principais, mais rasas. A redução da emissão de gás carbônico pelo homem vai amenizar um pouco esse processo, mas eles falam nisso sem lembrar a periodicidade, eu não desprezo o fato que as emissões de CO2 podem influir na climatologia do mundo, mas eu acho ruim que eles não conhecem dinâmica climática, não sabem nada do que já aconteceu no passado de modo natural e estão facilitando a vida dos que querem aproveitar-se da situação.

Quem são esses?

Por exemplo, o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB-AM), que disse recentemente: "Nossa região é uma vítima do aquecimento global, não a vilã". Eles pensam assim: "Já que o aquecimento global vai mesmo destruir a Amazônia, que deixe a floresta para nós". A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), diz que agricultura nunca afetou em nada o meio ambiente... O problema é o mesmo, na Amazônia, a diminuição da mata que permaneceu quase intacta até 1950. Eu estive lá: Era tão difícil estudar lá, de tão ampla que era a mata, biodiversa e densa.

E Hoje?

Vai lá pra ver como está. O desmate da cidade é incrível! Tem uma coisa que eu não gosto de dizer para jornalista... Mas vou dizer: Todo espaço virou mercadoria! Nos arredores da cidade, especulação. Não são produzidas coisas economicamente boas para o Estado e para o País. O espaço é todo deles!
 
Fonte: portal do meio ambiente

UMA ESCOLHA PARA A HISTÓRIA


No dia 7 de dezembro de 2009, 56 jornais de 44 países deram um passo inédito de falar com uma só voz, por meio do mesmo editorial. Tomaram essa atitude porque a humanidade enfrenta uma séria emergência.


A data marca o início da COP-15, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, em Copenhague, Dinamarca. A seguir, o texto do editorial conjunto:

"Se não nos unirmos para tomar uma ação decisiva, as mudanças climáticas devastarão nosso planeta, acabando também com nossa prosperidade e nossa segurança. Os perigos têm se tornado evidentes há uma geração. Agora, os fatos começaram a falar por si: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes já registrados, o gelo do Ártico está derretendo e a alta nos preços do petróleo e dos alimentos no ano passado é um exemplo do caos que pode estar por vir. Nas publicações científicas, a questão não é mais se os seres humanos devem levar a culpa pelo que está acontecendo, mas quão curto é o tempo que temos para reduzir os danos. Até aqui, a resposta mundial tem sido fraca e sem entusiasmo.

As mudanças climáticas foram causadas ao longo de séculos e têm consequências que durarão para sempre. As nossas chances de frear o problema serão determinadas nos próximos 14 dias. Apelamos aos representantes dos 192 países reunidos em Copenhague a não hesitar, não entrar em disputas, não culpar uns aos outros, mas aproveitar a oportunidade advinda deste que é o maior fracasso político moderno. Esta não deve ser um a luta entre ricos e pobres ou entre Ocidente e Oriente. As mudanças climáticas afetam a todos e devem ser resolvidas por todos.

A ciência envolvida é complexa, mas os fatos são claros. O mundo precisa agir para limitar a 2ºC o aumento da temperatura global, um objetivo que exigirá que as emissões mundiais de gases-estufa alcancem um teto e comecem a cair nos próximos cinco a 10 anos. Um aquecimento maior, de 3ºC a 4ºC - o menor aumento que podemos esperar se continuarmos sem fazer nada -, poderá levar seca aos continentes, transformando áreas agrícolas em desertos. Metade das espécies poderá ser extinta, milhões de pessoas poderão ser desalojadas, nações inteiras inundadas pelo mar.

Poucos acreditam que Copenhague ainda possa produzir um tratado definitivo; progresso real nessa direção só pôde surgir com a chegada do presidente Barack Obama à Casa Branca e com a reversão de anos de obstrucionismo americano. Mesmo agora, o mundo se encontra dependente da política interna americana, pois o presidente não pode se comprometer completamente com as ações até que o Congresso americano o faça.

Mas os políticos em Copenhague podem e devem definir os pontos essenciais de um acordo justo e efetivo e, especialmente, estabelecer um cronograma para transformá-lo em um tratado. O encontro sobre o clima das Nações Unidas em junho próximo, em Bonn (Alemanha), deveria ser o prazo final. Como um negociador colocou: 'Nós podemos ir para a prorrogação, mas não podemos bancar uma nova partida'.

No coração do acordo, deve estar um acerto entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, determinando como o fardo do combate às mudanças climáticas será dividido - e como partilharemos um novo e precioso recurso: os trilhões de toneladas de carbono que poderemos emitir antes que o mercúrio do termômetro atinja níveis perigosos.

As nações ricas gostam de citar a verdade matemática de que não pode haver solução até que gigantes em desenvolvimento como a China tomem atitudes mais radicais do que as adotadas até agora. Mas o mundo desenvolvido é responsável pela maior parte do carbono acumulado na atmosfera - três quartos de todo o dióxido de carbono (CO2) emitido desde 1850. Por isso, precisa tomar a liderança: todos os países desenvolvidos devem se comprometer a fazer cortes profundos, reduzindo suas emissões dentro de uma década a níveis muito mais baixos do que os de 1990.

Os países em desenvolvimento podem argumentar que não causaram a maior parte do problema e também que as regiões mais pobres do mundo serão atingidas com mais força. Mas passarão a contribuir cada vez mais para o aquecimento global, e, deste modo, devem se comprometer a agir de forma significativa e quantificável por conta própria. Apesar de ficar aquém do que muitos esperavam, o recente comprometimento dos maiores poluidores do mundo, Estados Unidos e China, com metas para redução de emissões foi um importante passo na direção certa.

A justiça social exige que o mundo industrializado coloque a mão no fundo do bolso e reserve dinheiro para ajudar os países mais pobres a se adaptar às mudanças climáticas, assim como a investir em tecnologias limpas que permitam seu crescimento sem aumentar as emissões. Um futuro tratado também deve ser muito bem esboçado - com rigoroso monitoramento multilateral, compensações justas para a proteção de florestas e avaliações confiáveis de 'emissões exportadas', para que o custo possa, com o tempo, ser dividido de forma mais equilibrada entre os que elaboram produtos poluentes e aqueles que os consomem. E a justiça requer que o peso com o qual cada país desenvolvido deve arcar individualmente leve em conta sua capacidade de suportá-lo; novos membros da União Europeia, por exemplo, normalmente muito mais pobres do que os antigos, não devem sofrer mais do que seus parceiros ricos.

A transformação custará caro, mas muito menos do que a conta paga para salvar o sistema financeiro mundial - e imensamente menos do que as consequências de não se fazer nada.

Muitos de nós, particularmente no mundo desenvolvido, terão de mudar seus estilos de vida. A era de voos que custam menos do que a corrida de táxi até o aeroporto está chegando ao fim. Teremos que comprar, comer e viajar de forma mais inteligente. Teremos de pagar mais pela nossa energia e usá-la menos.

Mas a mudança para uma sociedade de baixo carbono traz a perspectiva de mais oportunidades do que sacrifícios. Alguns países já descobriram que adotar a transformação pode trazer crescimento, empregos e uma melhor qualidade de vida. O fluxo de capital conta a sua própria história: no ano passado, pela primeira vez, o investimento em fontes renováveis de energia foi maior do que na produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis.

Abandonar nossa dependência do carbono dentro de poucas décadas requererá uma façanha de engenharia e inovação sem precedentes na história. Porém, enquanto a ida do homem à Lua e a fissão do átomo nasceram do conflito e da competição, a corrida do carbono que vem por aí deve ser liderada por um esforço conjunto para atingir a salvação coletiva.

A vitória sobre as mudanças climáticas exigirá o triunfo do otimismo sobre o pessimismo, da visão sobre a miopia, o êxito do que Abraham Lincoln chamou de 'os melhores anjos da nossa natureza'.

É nesse espírito que 56 jornais de todo o mundo se uniram por meio deste editorial. Se nós, com tantas diferenças de perspectiva nacional e política, podemos concordar sobre o que deve ser feito, então certamente nossos líderes também poderão.

Os políticos em Copenhague têm o poder de moldar o julgamento da História sobre esta geração: uma geração que viu um desafio e o encarou, ou uma geração tão estúpida, que viu o desastre chegando mas não fez nada para evitá-lo. Imploramos que façam a escolha certa."

No Brasil, os jornais Zero Hora e Diário Catarinense aderiram ao protesto; somente mais um jornal da América do Sul, o Diario Clarín, da Argentina, aderiu também.


Na Ásia e Oriente Médio, 16 publicações de 13 países estamparam o editorial. Já na Europa, foram 20 veículos de 17 países. Na África, foram 11 jornais de oito países; das Américas do Norte e Central, apenas seis jornais de cinco países participaram.

Veja abaixo a lista dos veículos:

Ásia e Oriente:da China, Economic Observer e Southern Metropolitan; de Taiwan, CommonWealth Magazine; da Coréia do Sul, Joongang Ilbo; do Vietnã, Tuoitre; de Brunei, Brunei Times,; da Indonésia, Jakarta Globe; do Cambija, Cambodia Daily; da Índia, The Hindu; de Bagladesh,The Daily Star; do Paquistão, The News e Daily Times; de Dubai, Gulf News; do Líbano, An Nahar; do Qatar, Gulf Times; e de Israel, Maariv.

Europa: da Alemanha, Süddeutsche Zeitung; da Polônia, Gazeta Wyborcza; da Áustria, Der Standard; da Eslovênia, Delo e Vecer; da Dinamarca, Dagbladet Information e Politiken; da Noruega, Dagbladet; do Reino Unidos, The Guardian; da França, Le Monde e Libération; da Itália, La Repubblica; da Espanha, El Pais; da Holanda, De Volkskrant; da Grécia, Kathimerini; de Portugal, Publico; da Turquia, Hurriyet, da Rússia, Novaya Gazeta; da Irlanda, Irish Times; da Suíça, Le Temps.

África: do Quênia, The Star; de Uganda, Daily Monitor e The New Vision; do Zimbábue, Zimbabwe Independent; de Ruanda, The New Times; da Tanzânia, The Citizen; do Egito, Al Shorouk; de Botsuana, Botswana Guardian; da África do Sul, Mail & Guardian, Business Day e Cape Argus.

América do Norte e Central: do Canadá, Toronto Star, dos Estados Unidos, Miami Herald e El Nuevo Herald; da Jamaica, Jamaica Observer; da Nicarágua, La Brujula Semanal; do México, El Universal.

Fonte: portal do meio ambiente

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Saúde e meio ambiente

Marina Silva é professora de ensino médio, senadora (PV-AC) e ex-ministra do Meio Ambiente.

Marina Silva: Estudos culpam poluição por 24% das doenças



Começou nesta quarta-feira e vai até sábado, em Brasília, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA). O momento não poderia ser mais propício. Na segunda-feira, o governo americano anunciou na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15), em Copenhague, na Dinamarca, que a Agência Ambiental Americana (EPA) classificou os gases do efeito-estufa como gases nocivos à saúde humana.

A decisão é importantíssima, em primeiro lugar porque dá ao governo Obama o reforço necessário para recuperar o atraso nas medidas indispensáveis para reduzir as emissões americanas de gases poluentes. Mas seu impacto ultrapassa a política interna dos Estados Unidos. Ao reconhecer que o padrão de emissões é uma grave questão de saúde pública, além de ser uma questão ambiental global, o país pressiona positivamente os demais a aprofundar o debate.

Nesses dias em que o mundo aguarda com expectativa o que ficará definido após a COP 15, iniciativas desse tipo colaboram para que as negociações andem, na medida em que dão suporte à integração de informação e ação entre governos e sociedade. No caso, é o impulso que faltava para dar o devido peso à interação entre saúde e meio ambiente - ou falta de saúde e degradação ambiental - nas discussões nacionais e internacionais.

Há muito tempo estudos vêm indicando a relação direta entre problemas ambientais e de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 24% das doenças e 23% das mortes prematuras são fruto de problemas ambientais. E há muito se reconhece o impacto na saúde pública das chamadas doenças de veiculação hídrica, decorrentes da poluição dos cursos d'água, sobretudo pela falta de saneamento básico e mau uso do solo.

É por isso que a CNSA é tão importante. As políticas públicas devem ser construídas de forma coletiva e dirigidas a uma nova realidade socioambiental. O tema deste encontro é "A saúde ambiental na cidade, no campo e na floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis". São esperados 959 delegados eleitos nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF).

Trata-se de uma conseqüência do que vem sendo feito pelos Conselhos Nacionais de Saúde, Cidades e Meio Ambiente e respaldado também em suas respectivas conferências nacionais, para dar seqüência à formulação de diretrizes que deverão orientar a política de saúde e ambiente do governo de uma maneira geral.

A temática geral foi estruturada por meio de três eixos. O primeiro, classificado como "Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental no campo, na cidade e na floresta", com o objetivo de desenhar um pouco a realidade desses territórios. O segundo "Trabalho, ambiente e saúde: desafios dos processos de produção e consumo nos territórios" para avaliar o impacto dos processos produtivos o meio ambiente e a saúde humana. E o último, denominado "Democracia, educação, saúde e ambiente: políticas para a construção de territórios sustentáveis", vai induzir a formulação de propostas para o enfrentamento desses problemas.

Para saber mais sobre o que está sendo discutido na Conferência, consulte o site do evento (www.saude.gov.br/svs/cnsa) e leia o Caderno de Textos, elaborado para ajudar os delegados a discutir, a pensar e a observar as experiências positivas pelo país, disponível na Biblioteca Multimídia da Escola Nacional de Saúde Pública (http://www.ensp.fiocruz.br/).
 
Fonte: Movimento Marina Silva

Atlas de Abastecimento Urbano de Água



Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou na quinta-feira (10/12) o Atlas de Abastecimento Urbano de Água durante coletiva de imprensa e cerimônia de lançamento destinada ao corpo técnico dos órgãos públicos de gestão dos recursos hídricos. O documento possui como um de seus principais objetivos indicar quais são as obras e ações de gestão que podem garantir a demanda projetada para o abastecimento das cidades brasileiras em 2025.


No Atlas de Abastecimento Urbano de Água foi realizado um levantamento das condições dos mananciais e dos sistemas de produção de água em 2.965 municípios brasileiros, revelando que desses 1.896, ou 64% do universo da pesquisa, necessitam de investimentos prioritários, que totalizam R$ 18,2 bilhões. Essas obras, conforme indica a pesquisa, são essenciais para evitar o colapso do fornecimento de água nas localidades estudadas nos próximos dezesseis anos.

No entanto, apenas caso sejam realizados os investimentos até o prazo de 2015, poderá ser dado cumprimento à necessidade projetada de abastecimento para 2025. Além disso, deve-se somar aos investimentos para melhor aproveitamento dos mananciais e sistemas de produção o valor do tratamento e coleta de esgotos, destinado à proteção das captações, o que eleva a projeção de custos para investimentos em infra-estrutura para R$ 41,1 bilhões.

Durante a coletiva de imprensa, o diretor-presidente da ANA, José Machado, fez uma exposição sobre o Atlas de Abastecimento Urbano de Água, em que procurou ressaltar que o documento é a consolidação do planejamento da oferta de água a partir do diagnóstico dos mananciais e da infra-estrutura hídrica existente no País.

Segundo o diretor, o documento trata apenas da segurança hídrica do Brasil. Não considera, por tanto, a questão da universalização do acesso aos sistemas sanitários, que não é competência do planejamento da ANA. Conforme o inciso XI, do art. 4º, da Lei nº 9.984/00, é de responsabilidade da agência a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em obras e serviços de regularização de cursos d’água, alocação e distribuição de água, e controle da poluição hídrica.

Nesse sentido, os objetivos do Altas de Abastecimento Urbano de Água são os seguintes:

1) Promover o diagnóstico detalhado das condições de oferta de água até 2015 no Brasil, com base na avaliação dos mananciais utilizados e dos sistemas de produção de água;

2) Como já dito anteriormente, indicar quais as principais obras e ações de gestão que garantam o abastecimento humano até 2025;

3) Indicar ações de coleta e tratamento de esgotos voltadas para a proteção ou recuperação da qualidade da água dos mananciais utilizados para o abastecimento humano na área estudada;

4) Fomentar a organização de estratégias, mecanismos e arranjos institucionais destinados à viabilização de projetos, implantação da infra-estrutura hídrica e à sustentabilidade hídrica e operacional das ações propostas;

5) Assegurar amplo acesso ao portfólio de alternativas técnicas e demais resultados do Atlas, por meio da publicação dos dados em sítio específico na Internet.

O Altas de Abastecimento Urbano de Água é o resultado de uma série de pesquisas, que foram consolidadas em uma coletânea de três trabalhos: Atlas Regiões Metropolitanas, Atlas Nordeste e Altas Sul. Os resumos executivos estão disponíveis em http://atlas.ana.gov.br/Atlas. Sugere-se que sejam lidos esses documentos para que se tenha uma melhor informação sobre interesses regionais de acesso à água. Sem embargo, há abaixo um resumo das principais conclusões da agência para cada região.

Atlas Regiões Metropolitanas: Abrange as capitais estaduais, as regiões metropolitanas, regiões integradas de desenvolvimento e todas as cidades brasileiras com mais de 250 mil habitantes. São 430 municípios, responsáveis por 70% do PIB nacional, e que abrigam quase 95 milhões de habitantes, ou 60% da população urbana do País. Até o ano de 2025 é esperado um incremento demográfico de 25 milhões de habitantes para essas localidades.

Das 430 cidades estudadas, 66% requerem investimentos para ampliações e adequações de sistemas produtores ou no aproveitamento de novos mananciais, resultando em um aporte total de investimentos na geração de água de R$ 12 bilhões. Além disso, também são necessários investimentos de R$ 15,7 bilhões em tratamento de esgotos.

A bem da verdade, as demandas atuais, em torno de 356 m²/s, já estão ligeiramente superiores à capacidade de produção de água dos mananciais que abastecem essas cidades, o que prova que parte das unidades dos sistemas produtores opera em regime de sobrecarga ou de maneira inadequada.

A maioria das regiões metropolitanas apresenta algum grau de comprometimento da qualidade das águas dos mananciais, exigindo, imediatamente, investimentos na proteção das captações. Quase 50% dos sistemas produtores requerem melhorias, sendo que 15% deles correspondem a sistemas integrados, cujos investimentos são mais complexos. Assim ocorre na interligação de importantes centros produtores, como é o caso de Belo Horizonte e Recife.

Atlas Nordeste: A atualização e complementação do documento, publicado pela primeira vez em 2006, incluiu mais de 508 municípios do Semi-Árido com menos de cinco mil habitantes, em um total de 1.892 sedes urbanas e mais 40 milhões de pessoais. Para 2025, espera-se um aumento na população urbana de 22,7 milhões de habitantes para essas localidades.

O balanço entre a oferta e a demanda de recursos hídricos para as regiões nordestinas indicou que 73% das cidades poderão ter abastecimento deficitário até 2015, decorrente de problemas com a oferta dos mananciais e da capacidade dos sistemas de produção. Para essas sedes, é prevista a necessidade de investimentos da ordem de R$ 9 bilhões.

Além disso, é indicada a implantação ou ampliação da coleta e tratamento de esgotos em mais de 800 municípios para a recuperação da qualidade da água dos rios e açudes. Incluindo-se tais obras, os investimentos propostos totalizam mais de R$ 20 bilhões, sendo que 43% será para abastecimento de água e 57% para obras de proteção dos mananciais.

Os Estados que requerem os mais investimentos em infra-estrutura de abastecimento de água, com 51% do total, são Pernambuco, com grande escassez hídrica, e Bahia, com maior número de sedes urbanas na área de abrangência do estudo. Contudo, os problemas do abastecimento no Nordeste não se limitam a essas áreas. A distribuição irregular confere distintas feições aos sistemas de produção.

Diversas regiões nordestinas dependem de transferências de outras bacias hidrográficas para a garantia do abastecimento público, como ocorre na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará. Há necessidade de aproveitamento de novos mananciais em muitas outras, em um total de 179 municípios, correspondendo a 13% do total de cidades com sistemas deficitários até 2015. Com efeito, é preciso a ampliação ou adequação de 966 sistemas de abastecimento, ou 70% do total dos municípios com sistemas deficitários. É também cogente se conectar os sistemas isolados aos sistemas integrados em 243 municípios, o que equivale a 17% dos sistemas problemáticos.

Atlas Sul: Consolida o planejamento da oferta de água para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, somando 789 municípios, com cerca de 13,5 milhões de habitantes. Na região, 44% das cidades requerem investimentos em ampliação e adequação de sistemas produtores e no aproveitamento de novos mananciais, resultando em investimentos de R$ 1,03 bilhão.

Nos dois Estados projeta-se um incremento demográfico de quase 2,9 milhões de habitantes até 2025, implicando num substantivo aumento das demandas de abastecimento urbano, cerca de 11,2 m³/s nos próximos 20 anos. Totalizando-se os investimentos em água e esgoto pode-se chegar ao montante aproximado de R$ 10 bilhões previstos.

Desse montante de investimentos, 38% devem ser destinados às regiões metropolitanas e aos grandes centros urbanos. Dentre as principais obras, destacam-se para a indústria a ampliação do sistema de Novo Horizonte e a nova captação de Porto Alegre.

Um número expressivo de municípios utiliza mananciais superficiais com alguma degradação da qualidade da águas, exigindo investimentos na proteção das captações, como é o caso típico da Região Hidrográfica do Guaíba, Rio Grande do Sul, e da Região Hidrográfica do Vale do Itajaí, a de maior reconhecimento em Santa Catarina. Foram indicados R$ 8,9 bilhões em investimentos em coleta e tratamento de esgotos nos municípios localizados à montante das captações com o indicativo de poluição hídrica.

No caso da região sulista, quase 40% dos sistemas produtores requerem melhorias, sendo 15% correspondem a sistemas integrados, cujos investimentos são mais complexos. Por outro lado, 60% do total de investimentos destinados à adequação de sistemas referem-se à ampliação das captações por poços.

A importância dessas informações, úteis, sobretudo, ao planejamento da infra-estrutura nacional e ao sistema produtivo, parece de tamanho relevo para a ANA, que o seu diretor-presidente fez questão de anunciá-los em dois eventos no mesmo dia. Após a coletiva de imprensa, que teve a presença de outros dois diretores do órgão, Paulo Lopes Varella e Dalvino Troccoli, houve uma reunião com toda a equipe responsável pelo projeto e com diversos representantes do Governo.

Estavam presentes na apresentação do Atlas de Abastecimento Urbano de Águas o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Vicente Andreu Guillo, a gerente-geral de Saneamento da Caixa Econômica Federal, Cristina Monteiro, além de representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e das Secretarias de Recursos Hídrico da Bahia, Ceará e Piauí. Havia ainda pessoas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), bem como do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Durante o evento, foi destacado por mais de uma das autoridades presentes que o documento é um guia para a ação e que é preciso medidas emergenciais para o setor. Ressaltou-se que para o lapso temporal determinado nas projeções do estudo, o Brasil irá sediar dois grandes eventos culturais e esportivos: Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Caso não sejam feitos os investimentos necessários, o Brasil pode ter problemas de infra-estrutura que podem dificultar a realização desses importantes acontecimentos.

Após a análise do documento, é possível se perceber que não são infundadas as preocupações dos presentes na reunião. No entanto, observamos que o discurso ainda foi pouco alarmista. Há problemas sob o ponto de vista técnico em relação ao abastecimento no Brasil que poderiam ter sido destacadas com maior intensidade.

Vale reparar que essas informações tratam apenas do consumo humano, o uso mais nobre para a água, conforme indica a legislação brasileira. Na ordem de prioridade dos usos da água, essa é a primeira necessidade a ser atendida. No entanto, o consumo industrial e para a irrigação não foi considerado. Apesar da diferença para o padrão de enquadramento dos corpos de água que atendem às necessidades da Agricultura e da Indústria, pode-se destacar que ambos os setores devem ter seus problemas de abastecimento agravados, mesmo se considerada a importância da captação direta para essas atividades.

Outra questão que não se ressaltou no estudo foram os custos da recuperação dos mananciais degradados para a infra-estrutura nacional. Muito embora os valores da degradação dos corpos de água tenham sido calculados para efeito de limitações dos sistemas de produção, não foram computadas, com base em indicativos sóciopolíticos, as necessidades de recuperação dos rios e poços que estão em processo de eutrofização ou de contaminação por outros resíduos.

Portanto, os custos da inatividade estatal para o setor de abastecimento podem estar sendo um pouco subestimados. Reforça tal impressão o fato do Atlas de Abastecimento Urbano de Águas não ter atendido todos os municípios brasileiros.

Para o próximo ano está prevista a revisão do estudo. Conforme o termo assinado na reunião de técnicos dos órgãos vinculados à gestão dos recursos hídricos no Brasil, pretende-se alcançar o total de sedes urbanas no País. Dessa forma, teremos uma visão ainda mais clara de realidade brasileira. No entanto, é válido ressaltar que o documento ontem apresentado é uma importante referência para a análise do tema, que deverá servir para orientar os investimentos que serão feitos no abastecimento brasileiro.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Manejo dos Resíduos Sólidos Urbanos no país



A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), do Ministério das Cidades, divulgou em outubro os resultados da sexta edição do “Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos”, referente a 2007. Como nos anos anteriores, a participação foi facultativa. Segundo Ernani Miranda - coordenador do Programa de Modernização do Setor de Saneamento – PMSS, Unidade da SNSA responsável pelo Diagnóstico, dos 418 municípios convidados (74 a mais do que em 2006), 306 responderam ao levantamento, o que resulta em uma taxa de adesão de 73,2% e em um aumento de 59 municípios (23,9%) na base de dados em relação a 2006.


As respostas revelam que a cobertura média da coleta de lixo é superior a 90% da população urbana em 286 dos 304 municípios para os quais esse indicador foi calculado. A massa recolhida média corresponde a 0,97 kg por habitante urbano por dia. A maior parte dos resíduos é disposta em 267 aterros e lixões.

Um total de 56,6% dos municípios realiza coleta seletiva, com predominância do sistema porta a porta. Há ainda a coleta seletiva não-formal feita por catadores que estão presentes em 83% dos municípios da amostra. Em 54,8% dos municípios nos quais atuam catadores, há organizações como cooperativas e associações.

A coleta seletiva recolhe de 4,7 a 6,0 kg por habitante urbano por ano, sendo mais efetiva nos municípios de maior porte. A triagem dos recicláveis recupera, em média, 3,1 kg por habitante urbano por ano (menos de 1% do total recolhido). Papel e papelão representam a maior parte do material recuperado (50,7%). Em seguida, aparecem plásticos (26,4%), metais (12,1%) e vidros (6,4%). “O Diagnóstico é uma boa fonte de consulta para os diversos agentes da gestão dos resíduos sólidos. A série histórica está disponível na internet, o que permite um acompanhamento detalhado do que vem ocorrendo no país em relação a esse tema”, comenta Nadja Limeira Araújo, gerente de Projetos de Resíduos Sólidos, da SNSA.Para saber mais: www.snis.gov.br

Para saber mais: http://www.snis.gov.br/

Pecuária representa metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasi



São Paulo - Um estudo lançado na quinta-feira (10/12) no Brasil e foi apresentado no sábado (12/12) na Conferência do Clima, em Copenhague, estimou a quantidade de emissões de gases de efeito estufa associada à pecuária no Brasil. De acordo o documento, o setor é responsável por metade das emissões de gases do efeito estufa no Brasil.


O estudo, intitulado de "Estimativa de Emissões Recentes de Gases de Efeito Estufa pela Pecuária no Brasil", foi elaborado por onze pesquisadores, entre eles Mercedes Bustamante (UnB), Carlos Nobre (Inpe) e Roberto Smeraldi (Amigos da Terra - Amazônia Brasileira).

O relatório buscou estimar a emissão de gases de efeito estufa vinculada à pecuária bovina no Brasil entre 2003 e 2008, de três fontes principais: desmatamento para formação de pastagens; queimadas de pastagem; e fermetanção entérica do gado.

As emissões no período de 2003 a 2008, medidas em toneladas de carbono equivalente (ton CO2e), variam entre 813 milhões a 1090 milhões de toneladas de CO2e. Se considerarmos o inventário de emissões brasileiras, divulgado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), todas as emissões do Brasil somariam cerca de 2000 milhões de toneladas de CO2e. Ou seja, apenas a pecuária representa aproximadamente a metade de todas as emissões do Brasil.

O estudo procurou calcular apenas as emissões de desmatamento associadas à pecuária. Com isso, descobriu que cerca 3/4 do total desmatado na Amazônia e 56% do total desmatado no Cerrado resultaram em implantação de novas pastagens.

A pecuária da Amazônia emitiu entre 449 e 775 milhões de ton CO2e, e a do Cerrado, entre 229 e 231 milhões de ton CO2e. No resto do país, foram emitidos entre 84 e 87 milhões de ton CO2e pela pecuária.

De acordo com o estudo, os valores devem ser considerados conservadores, já que não calcula emissões complementares da atividade, como as oriundas do transporte de gado, por exemplo.

Recomendações

Os pesquisadores também indicam algumas políticas públicas para reduzir o impacto da pecuária brasileira nas mudanças climáticas. Segundo o estudo, opções de mitigação no setor não implicam em diminuir a produção atual, e podem ser compatíveis com um aumento moderado da produção.

"O Brasil deve caminhar para uma agricultura integrada ao ambiente tropical, científica e tecnológica, que, ao mesmo tempo em que aumenta sua eficiência, diminui seu impacto ambiental, inclusive quanto às emissões", defende o climatologista Carlos Nobre.

As principais opções para diminuir esse impacto seriam a redução do desmatamento, a eliminação do fogo no manejo de pastagens, recuperação de pastagens e solos degradados, a regeneração da floresta secundária, a redução da fermentação entérica, integração lavoura-pecuária, entre outros.

"O potencial de redução de emissões de gases estufa oferecido pela pecuária no Brasil é muito expressivo. Por representarem aproximadamente 50% das emissões totais brasileiras de gases de efeito estufa concentradas em um único setor, constituem assim a mais importante oportunidade de mitigação brasileira", diz o estudo.

Os pesquisadores defendem que a criação de grandes frigoríficos deve estar vinculada a um zoneamento adequado, já que trata-se do principal motor para a expansão descontrolada e sem precedentes da atividade pecuária.

Além disso, o documento considera que é importante que as políticas de fornecimento sejam baseadas em critérios transparentes e que contemplem devidamente o objetivo de melhorar o balanço de gases de efeito estufa dos produtos, em vez de meros critérios negativos de exclusão, como simples listas negras.

"Com base no estudo, constatamos que o custo das emissões de carbono por unidade de produto supera o próprio custo do produto no atacado", avalia Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, co-autor do estudo. Segundo ele "a sustentabilidade econômica da indústria da carne requer drástica queda em carbono-intensividade, e as recomendações do estudo mostram que isso seria perfeitamente possível".
 
 
Fonte: Amazonia.org.br

domingo, 13 de dezembro de 2009

Vandana Shiva - Expoente do Ecofeminismo




Nos dias que precederam a abertura da cúpula de Copenhague, a Índia foi a grande protagonista: a recusa de aceitar qualquer quadro temporal e numérico sobre o corte das emissões, seguida pelo anúncio de um "corte voluntário" de 20-25% até 2020, fizeram com que Nova Déli passasse, em poucos dias, da mesa dos incriminados à dos heróis.


A medida surpresa, de fato, criou uma brecha no grupo dos países - principalmente em desenvolvimento - contrários a um acordo a todo custo. Mas descontentou a mais famosa cientista e ecologista indiana, Vandana Shiva, de partida para Copenhague. "É um sinal negativo. A Índia se alinhou com aqueles que querem desmantelar os acordos de Kyoto, não melhorá-los", diz.

A reportagem é de Francesca Caferri, publicada no jornal La Repubblica, 07-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Por que uma afirmação tão dura?

Aparentemente, tudo está em jogo sobre a possibilidade que países como a China ou a Índia assinem um acordo. Mas essa é só a aparência: a realidade é que já temos um tratado que compromete os países desenvolvidos a ficar dentro de determinados tetos de emissões. É preciso que esses compromissos sejam respeitados: não um novo tratamento em que o Sul do mundo se curva às exigências dos Estados Unidos. Quem se opõe neste momento faz bem.

Mas o fato de que a Índia tenha se comprometido a reduzir as suas emissões não é positivo?

Não neste contexto. Partimos de um acordo, o de Kyoto, que o governo norte-americano nunca assinou. E que agora está se empenhando para anular. A Índia está colaborando com a destruição do único instrumento à nossa disposição para parar as mudanças climáticas.

Portanto, para a senhora, seria melhor que não se chegasse a nenhum acordo em Copenhague?

Não sou eu que digo isso, são especialistas do calibre de James Hansen, o climatologista mais famoso do mundo. Um acordo nestas condições não serve. O que devemos fazer agora é manter os compromissos assumidos em Kyoto e trabalhar para dar passos adiante, não para trás.

Por que o acordo de Copenhague seria um passo atrás?

Porque a conta do desenvolvimento dos países ricos acabará na mesa dos pobres. Essa é a cúpula da grande indústria e dos governos que estão de acordo com ela. O que sairá dali será, no máximo, um acordo de tipo feudal. A Índia e a China já subiram a bordo desse barco. Além disso: quem produz na Índia e na China? As indústrias norte-americanas, e por isso esses países não podem ignorar os interesses dessas indústrias.

E então por que a senhora vai à cúpula?

Porque estou confiante de que na Dinamarca pode nascer um movimento novo: poucos assuntos no mundo mobilizaram a opinião pública como as mudanças climáticas. Nos próximos anos, haverá sempre mais pessoas se comprometendo em nível nacional e local: crescerão os pedidos de cidades com menos carros e de produtos agrícolas mais limpos. Isso fará a mudança, quando for levado a uma grande escala.

Não lhe parece utópico?

Não, completamente, porque não estamos falando de potenciais catástrofes, mas de coisas que já estão acontecendo. Devemos pedir respostas verdadeiras aos governos, não compromissos políticos vazios.
 

Floresta em pé gera trabalho e renda para comunidade no interior de São Paulo

Por Adriano Avila


Senhoras de 54 anos escalam árvores de até 40 metros para coletar sementes que vendidas ajudam no sustento da família. Mais 29 pessoas fazem o mesmo a prática é uma opção de renda pra moradores de área rural que vive próximo das matas.

“Já vi macaco cair de árvore, mas eu não caio!” Assim diz: Dona Maximina com as mãos cheias de sementes,e debruçada tranquilamente sobre um galho, na copa de um pé de "falso barbatimão” nome cientifico: (Cácia leptófila). Maximina Aparecida de Queiroz com 54 anos escala árvores de até 40 metros de altura em busca de sementes de espécies nativas que vendidas, ajudam no sustento da família. Não é fácil, segundo ela, “colher sementes não é pra quem pensa no dinheiro, é pra quem faz de coração. O jovem não quer entrar na mata, é preciso gostar, conhecer a planta, aprender a identificar e a trabalhar com a semente.” Dona Maximina e sua companheira de trabalho, Claudete, caminham de cinco a dez quilômetros para encontrar determinadas espécies.


Na maioria das árvores as sementes se encontram nas copas, então é preciso escalar, em até oito metros elas não usam equipamentos, acima disso, sobem com o auxílio de uma corda e equipamentos de escalada. Muitas árvores estão cobertas de espinhos e isso dificulta muito, principalmente o manuseio do podão, uma ferramenta que corta a ponta do galho, onde geralmente encontram-se as sementes. “não podemos colher tudo o que a árvore produz, temos que deixar a maior parte, a semente precisa cumprir o seu papel: se perpetuar e alimentar os bichos”.
 

E finalmente a etapa de beneficiamento, nome usado no processo, entre colher e deixar em ponto de germinação. Cada espécie de semente recebe um determinado tratamento até chegar ao viveiro. Lavagem, secagem, no sol, na sombra, descascar, limpar, armazenar, embalar, etc.



Das árvores da Mata Atlântica na região da bacia do Alto Paranapanema entre as cidades de Capão Bonito, Ribeirão Grande e Guapiara no interior paulista, trinta e dois coletores garantem uma boa parte da renda familiar. A prática é uma opção aos moradores de áreas rurais, próximos às matas, e lucram em torno de um salário mínimo por mês, dependendo da dedicação, podem faturar muito mais. A idéia nasceu há cinco, Seu Zé Ferreira prestava serviços à Bio Flora, empresa de reflorestamento, ajudava no plantio de mudas para recuperação de uma área de compensação ambiental da Cimento Ribeirão em Ribeirão Grande. Curioso, Seu Zé questionou a origem das sementes, procurou o Engenheiro Florestal e a Associação Ecoar Florestal, que forneceu as mudas nativas, e demonstrando conhecimento no assunto, ofereceu algumas sementes e a sugestão foi aprovada.




A Associação ECOAR Florestal, organização não governamental atua a 13 anos em conservação florestal e em projetos sócio-ambientais, visando a geração de renda para o proprietário rural. Com apoio da Votorantim Celulose e Papel, trabalha junto com o grupo para a sustentabilidade da Rede Comunitária de sementes nativas. E também ajudam no preparo e na estrutura dos coletores, com cursos de capacitação, uso do GPS, beneficiamento e escalada. Hélio Porangaba, um dos tecnicos da ONG afirma que mais de 180 espécies são coletadas durante o ano, e comercializadas com a finalidade de reflorestamento. Há aproximadamente cinquenta clientes cadastrados, dentre eles, a SOS Mata Atlântica, a VCP Papel e Celulose, Iandebo e a própria ECOAR com seu viveiro de mudas. No geral são ONGs, mineradoras ou grandes agricultores, empresas que buscam uma forma de adequação ambiental. As sementes são usadas na recuperação de áreas degradadas e restauração florestal.




Novas comunidades interessadas em participar do projeto procuraram a ECOAR, Hélio lamenta não ter apoio empresarial, sendo uma oportunidade de responsabilidade sócio-ambiental preparar novos grupos de coletores. O investimento com os cursos, ferramentas e principalmente os equipamentos de escalada é muito alto.



Uma possível parceria com a IPEF, Instituto de Pesquisas de Estudos Florestais, que trabalha com pesquisas florestais, planejamento, comercialização de mudas e sementes, promete amenizar alguns desses problemas, a ONG dispõe-se de logística e de tecnologias de beneficiamento. Espera-se o aumento de clientes e consequentemente, o crescimento da rede de coletores, dando oportunidade às comunidades vizinhas que tenham interesse e vocação.


Fonte: portal do meio ambiente

Produção de água está no limite em 2/3 das cidades


Dois terços das cidades brasileiras operam no limite da capacidade de fornecimento de água. A expectativa, de acordo com a ANA (Agência Nacional das Águas), é de um colapso no abastecimento caso não sejam realizados investimentos em ampliação e adequação das instalações que existem hoje.


Para garantir a oferta de água, as concessionárias do setor de saneamento e as esferas públicas federal, municipal e estadual deverão investir cerca de R$ 18,2 bilhões até 2015, indica levantamento da agência.

O valor não inclui investimentos em sistemas de esgoto que, segundo a ANA, aumentaria os gastos no setor para algo em torno de R$ 41,1 bilhões.

O colapso no abastecimento de dois terços dos municípios do país, segundo as previsões da agência reguladora, pode ocorrer às vésperas da Olimpíada de 2016, que ocorrerá no Rio de Janeiro, e logo depois da Copa do Mundo de Futebol, que será no Brasil em 2014.

O mapa das condições dos mananciais e dos sistemas de produção de água fazem parte do Atlas do Abastecimento Urbano de Água, coordenado pela ANA e realizado em 2.965 cidades brasileiras. O estudo mostrou que 64% das cidades (1.896 municípios) operam com sobrecarga e necessitam de investimentos em caráter de urgência para evitar o colapso.

Dos R$ 18,2 bilhões necessários em investimentos, aproximadamente R$ 15,7 bilhões devem ter como destino os mananciais e os sistemas de produção de 752 municípios com mais de 50 mil habitantes.

Outros R$ 2,5 bilhões seriam aplicados em 1.144 municípios com até 50 mil habitantes, disse o presidente da ANA, José Machado. Uma população de 100 milhões de habitantes será diretamente beneficiada com a aplicação dos recursos.

Segundo Machado, os maiores problemas apontados pelo estudo foram identificados nas regiões metropolitanas, com 286 dos 430 municípios apresentando problemas. "Isso representa 66% dos municípios pesquisados, e um total de R$ 12 bilhões a serem investidos", afirmou o presidente da ANA.

Ele ressalta a importância, também, de se investir nos sistemas de esgotos. "Para melhorar a captação de água é fundamental que invistamos também em sistemas de esgotos, de forma a evitar a contaminação. Isso representaria mais R$ 23 bilhões em investimentos, a serem destinados a 1.517 municípios, e totaliza um montante de R$ 41,1 bilhões a serem investidos", afirmou Machado.

O presidente da agência reconhece as necessidades de investimento são gigantescas e que o setor tem um histórico de despreparo em fazer projetos e obter financiamentos para garantir a execução das obras.

Ele defende que, para a concretização destes investimentos, deve haver a articulação entre as várias esferas de governo, organizações e agências públicas e privadas.

Fonte: Manchetes Socioambientais / Folha de S.Paulo

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mudança climática causará 1 bi. de migrações




A mudança climática deve levar até 1 bilhão de pessoas a deixaremsuas casas nas próximas quatro décadas, disse um estudo divulgado ontempela Organização Internacional para a Migração (OIM).


Orelatório, lançado no segundo dia da conferência climática da ONU emCopenhague, estima que 20 milhões de pessoas já ficaram desabrigadas nasemana passada por causa de desastres naturais, que devem se agravardevido à mudança climática.

O texto alertaque poucos "refugiados climáticos" têm condições de deixar seus paísespara tentar a vida em lugares mais ricos. O que ocorre, na verdade, éque eles se deslocam para cidades já superpopuladas, aumentando apressão sobre países pobres.

"Além da lutaimediata diante do desastre, a migração pode não ser uma opção para osgrupos mais pobres e vulneráveis", disse o texto.

"Em geral, os países esperam gerir internamente a migração ambiental, àexceção de pequenos Estados insulares, nos quais em alguns casos (oaquecimento) já levou ao desaparecimento de algumas ilhas sob a água,forçando a migração internacional."

Fonte: MST / REUTERS.

Protocolo de Tuvalu divide países em desenvolvimento

Por Juliana Radler






Tuvalu, um pequeno país do Pacífico com uma população de aproximadamente 15 mil pessoas, foi responsável por uma grande movimentação no terceiro dia de negociação em Copenhage. O país, que corre o risco de afundar no oceano devido ao aquecimento global, propôs a criação do Protocolo de Tuvalu, com metas rígidas e imediatas de redução de emissões, em substituição ao Protocolo de Kyoto.


A proposta de Tuvalu foi bem aceita por grande parte dos países africanos, das ilhas do Pacífico e pelos países mais pobres que integram o G77 (grupo composto por 130 países em desenvolvimento, mais a China). Entretanto, as potências emergentes, como Índia e China foram prontamente contrárias à proposta, uma vez que Tuvalu exige metas obrigatórias de redução de emissões dos gases do efeito estufa por parte das maiores economias do mundo em desenvolvimento.

Foi imediatamente criada uma divisão no G77: de um lado os que apóiam a continuidade do Protocolo de Kyoto, no qual apenas as nações industrializadas devem ter compromissos obrigatórios, e de outro os que defendem um novo Protocolo, no qual as economias emergentes também devem assumir metas.

Vários grupos da sociedade civil manifestaram-se favoráveis a Tuvalu e gritavam no Bella Center: "Tuvalu is the real deal" (Tuvalu é o acordo de verdade).

Impasse:

Entre os países ricos também há grande impasse. A União Europeia condicionou a sua presença no acordo que deve entrar em vigor após 2013 à entrada dos Estados Unidos, Japão e de outros países industrializados. Os EUA, por sua vez, já manifestaram que não farão parte de um acordo nos moldes de Kyoto, isto é, sem que haja compromissos por parte das economias emergentes. Além disso, o país é contrário aos repasses de dinheiro para o combate às mudanças climáticas para países em desenvolvimento como a China, por exemplo.

"Não há nenhuma chance. Queremos direcionar os nossos dólares para os países mais pobres. A China tem uma economia dinâmica, está sentada em uma reserva de US$ 2 bilhões. Não creio que seja a primeira candidata para receber recursos públicos", ressaltou Todd Stern, assessor para mudanças climáticas da Casa Branca.

Money talks:

Nestes primeiros três dias de negociação já ficou muito claro que serão muito duras as negociações em relação a um acordo financeiro para definir o montante de recursos e a quem serão feitos os repasses, um dos temas fundamentais nesta COP 15.

Em uma economia globalizada e altamente competitiva, nenhum país quer saber de investir recursos nos seus concorrentes e muito menos assumir metas de redução de emissões sem que o outro lado também tenha compromissos.

Fonte: Diário de Copenhage.

Carteira de trabalho ambiental

Por Marcos Graciani




Pesquisa recente da Faculdade de Administração da USP apontou a carreira de gerente de ecorrelações como a mais promissora em uma lista de novas profissões que vão se alastrar nos próximos anos. Trata-se de um executivo encarregado de administrar os relacionamentos com os diversos públicos envolvidos em programas ambientais. No mesmo levantamento, conduzido pelo Programa de Estudos do Futuro (Profuturo) da USP, que examinou a percepção de 112 ex-alunos de MBA, os entrevistados selecionaram a atividade de engenheiro ambiental como a mais promissora entre as ocupações tradicionais.


Dois estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fazem eco à pesquisa do Profuturo: as profissões "verdes" vão se multiplicar nos próximos anos, na mesma proporção dos crescentes esforços para reduzir o impacto da atividade humana no meio ambiente.

A previsão da OIT é de que, até 2050, sejam gerados nada menos do que 2 bilhões de empregos ligados à sustentabilidade no mundo. O número grandioso faz sentido. A necessidade de alterar procedimentos visando a garantir a vida das próximas gerações vai impactar praticamente todos os segmentos da economia. Além de produzir novas profissões, o fenômeno exigirá adaptações em carreiras já existentes. "As demandas da sustentabilidade farão com que funcionários de diferentes setores de uma empresa sejam obrigados a lidar com questões ligadas ao meio ambiente", aponta Heitor Kuser, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social (Ibdes), organização que tem a missão de promover o desenvolvimento das profissões no país.

Um estudo inédito da OIT, a ser divulgado em dezembro, calcula que já há 1,3 milhão de empregos verdes no Brasil. Nos Estados Unidos, segundo a Organização, 10% das vagas de trabalho têm relação com a sustentabilidade. Estão nessa conta os funcionários de companhias focadas em energias renováveis, todos os trabalhadores das cadeias de reciclagem e executivos ligados à área ambiental de companhias de diversos setores. A OIT define os empregos verdes como "aqueles na agricultura, indústria, serviço e administração pública que contribuem para preservar ou recuperar a qualidade do meio ambiente" - mas a própria entidade admite que a definição é vaga.

Seja como for, a demanda por profissionais especializados na área de sustentabilidade vem crescendo no Brasil. Para o consultor paulista João Paulo Altenfelder, empresas de açúcar e álcool, produtoras de etanol e fabricantes de papel e celulose encabeçam a lista de demandantes. "Estes setores têm o desafio em lidar com seus marcos regulatórios, e por isso procuram especialistas que possam facilitar este trabalho", conta Altenfelder, diretor da Sei Consultoria.

Os entrevistados ouvidos por AMANHÃ advertem que as universidades ainda não se prepararam adequadamente para atender à demanda crescente por profissionais verdes. "Não existe um movimento organizado e sistemático por parte das faculdades para a formação de pessoas aptas a assumir essas novas funções. As escolas deveriam estar mais atentas", cobra Paulo Muçouçah, coordenador dos Programas de Trabalhos Decentes e Empregos Verdes da OIT no Brasil. Calcula-se que cerca de 300 cursos universitários já incorporem disciplinas que tratam de sustentabilidade. O Senai já tem 79 cursos voltados para a área ambiental. Essa oferta deve crescer - e muito.

Um dos atributos exigidos de muitos profissionais verdes será a formação multidisciplinar. "Um gerente de ecorrelações, por exemplo, precisará de boas noções de comunicação, direito, marketing e biologia", acredita Daniel de Carvalho, pesquisador do Profuturo. Renato Carneiro Filho, 54 anos, desempenha uma função parecida com a do gerente de ecorrelações na Veracel, da Bahia. Lá o cargo se chama consultor socioambiental. Geólogo de formação, Carneiro colheu na prática os conhecimentos necessários. "É uma profissão que exigirá das pessoas capacidade de gerir relacionamentos e pensar estratégias de comunicação. Ou seja, não valerá apenas ter conhecimentos sobre meio ambiente", conta. "Cada vez mais, a sociedade vai cobrar compromissos claros em se tratando do cuidado com o meio ambiente. Será um setor onde as oportunidades se multiplicarão", prevê.
 

Depois da maior cheia dos últimos 100 anos, Amazonas chega a uma das piores secas

Por Amanda Mota


Brasília, DF - Depois de o Rio Negro alcançar 29,77 metros no mês de junho – a maior marca desde 1902 - o nível do rio chegou ontem(30) aos 16 metros em Manaus. De acordo com o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Antônio Oliveira, o rio chegou a um nível de emergência.


“A situação de seca está crítica ao longo da calha do Rio Negro e até fevereiro isso deve continuar. Classificamos essa vazante como média a grande, já que ela se encaixa entre as 30 maiores já registradas”, disse à Agência Brasil.

O fenômeno natural de subida e descida do nível do rio afeta a navegação, compromete a ligação com as sedes municipais e o abastecimento de centenas de comunidades. De acordo com os registros históricos do CPRM, a maior seca do Rio Negro ocorreu em 1963, quando o nível chegou a 13,64 metros. O Rio Negro é o maior do estado e a severa seca deste ano prejudica não só a capital do Amazonas, mas também os outros quatro municípios (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos e Novo Airão).

O superintendente do CPRM no Amazonas explicou que a falta de chuvas, desde a segunda quinzena de julho, deve-se, sobretudo, ao fenômeno El Niño (aquecimento das águas do oceano). Em julho, agosto e setembro choveu metade do esperado. Em outubro, 74% e em novembro, apenas 50% do que deveria.

“Tudo isso nos trouxe para uma severa seca este ano. Em dezembro o ideal seria que chovesse 219 milímetros, mas não deve chegar a isso”, avaliou Oliveira.

No Sul e Oeste do Amazonas, as chuvas estão dentro da normalidade, o que contribuiu para a subida do Rio Solimões, o segundo maior do estado. O reflexo dessas chuvas deve chegar a Manaus em 15 dias, pois os dois rios (Solimões e Negro) encontram-se na cidade e a cheia de um pode influenciar o outro. “Mas o Solimões só vai fazer com que o Negro suba caso as chuvas também contribuam para isso”, acrescentou Oliveira.

Um estudo detalhado das áreas afetadas pela seca está em fase de finalização pelo governo do Amazonas. O objetivo é aproveitar as informações para abertura imediata de estradas vicinais destinadas a tirar do isolamento milhares de ribeirinhos atingidos pela estiagem. Linhas especiais de financiamento para produtores rurais e distribuição de sementes e implementos agrícolas estão sendo realizados por meio Agência de Fomento do Estado (Afeam) para auxiliar a agricultura familiar.
 

Fonte: Amazonia.org.br.

McDonald's: o lucro sai, o lixo fica

Por Eduardo V. Mortari Jr


De acordo com o mais recente relatório econômico divulgado pelo McDonald’s do Brasil, a empresa é líder no mercado brasileiro de fast food, tendo respondido, em 2007, por 40% do segmento de alimentação rápida fora de casa no país. No mesmo ano, a empresa vendeu no país 196 milhões de sanduíches, 264 milhões de porções de batatas fritas e 17,8 mil toneladas de carne.


Da mesma forma que impressionam os números de consumo, imaginamos a quantidade de lixo produzido, assim como o volume de emissão de gases causadores do efeito estufa. Mais impressionante ainda é a empresa, com toda esta importância no setor, não ter políticas consistentes de compensação ambiental. Na prática, a companhia apenas adota medidas pouco eficazes para diminuir o impacto ambiental que causa.

Façamos um cálculo rápido: cada refeição gera em média 32,5 gramas de resíduos sólidos, entre papel e plástico. Como em 2008 a empresa faturou 22% a mais que em 2007, podemos estimar que vendeu cerca de 15% mais lanches. A partir desses números, chegamos à quantidade de 7.312 toneladas de papel e plástico descartados. Considerando ainda que a refeição consome guardanapos, sachês de temperos, sacos de papel, embalagens e caixas de transporte, e que resulta em resíduos alimentares, podemos chegar a uma estimativa conservadora de 17,5 mil toneladas de lixo produzido pelo McDonald’s em 2008. Se todas estas embalagens descartadas fossem colocadas lado a lado, a distância percorrida pelo lixo seria igual a seis voltas ao redor do planeta. Todo este volume foi lançado no lixo comum.

Este cálculo visa analisar a real sustentabilidade das atividades da rede. E a conclusão é que o McDonald’s é o maior vilão ambiental de todo o segmento de alimentação do Brasil. Alguns exemplos ilustram esta afirmação:

A empresa informa que vai reaproveitar o óleo da fritura para produzir biodiesel. Porém, este óleo é hoje vendido para terceiros, sem a preocupação com seu destino final.

Apesar de ter um restaurante “ecológico”, que permite redução de 14% no consumo de energia e 50% no consumo de água, a empresa não assume compromisso de implantar estas melhorias nos restantes 561 restaurantes da rede.

Enquanto alega não comprar carne ou grãos vindos de áreas desmatadas da Amazônia, despeja centenas de toneladas de gordura sem tratamento nos esgotos das cidades.

Só este ano o McDonald’s do Brasil iniciou uma prática experimental de coleta seletiva, em apenas 15% dos restaurantes. Por que não adotar o procedimento em todas as unidades?

O fato é que o impacto ambiental provocado pelo McDonald’s vai muito além do lixo sólido que produz. O modelo de negócio – com uma central de distribuição única – faz com que a logística da rede seja também uma grande vilã do meio ambiente. O abastecimento dos apenas cinco restaurantes de Manaus (AM), por exemplo, demanda viagens de avião e caminhão, e um consumo maior de energia por câmaras frigoríficas para garantir a qualidade dos alimentos perecíveis. Por que toda a mercadoria tem que ser transportadas em grandes caminhões, movidos a diesel e não comprada de produtores regionais?

O objetivo desta reflexão é mostrar a urgente necessidade de adoção no McDonald’s de um programa de compensação ambiental que possa reduzir os efeitos das emissões de gases de efeito estufa de sua cadeia produtiva. Seja na forma de lixo, esgoto, consumo de energia e água ou emissão de CO² e outros gases. Tudo isto precisa ser adequadamente compensado!

Para uma empresa que, no ano de 2008, faturou R$ 3,3 bilhões no país e só em propaganda investiu cerca de R$ 130 milhões, destinar parte dos investimentos a um programa de compensação ambiental é uma obrigação. Principalmente para com a população que, ao consumir seus produtos, lhe propicia enormes lucros, muitos dos quais são exportados na forma de royalties.

Exportar lucros não é nenhum pecado e faz parte do sistema econômico globalizado que trouxe grandes benefícios ao país. O que não se pode permitir, no entanto, é que só o lucro saia enquanto todo o lixo fica.
 
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada

Metrô do Cariri será entregue nesta terça

A população das cidades de Juazeiro do Norte e Crato, no Ceará, ganhará um novo sistema de transporte coletivo. Trata-se do Metrô do Cariri, que será inaugurado nesta terça-feira, 1º de dezembro, pelo governo do estado.


Orçado em mais de R$ 25 milhões, o novo sistema metroferroviário fará a ligação entre as duas cidades, oferecendo um transporte mais rápido. A princípio, para verificar o desempenho dos equipamentos, de acordo com Cid Gomes, Governador do Ceará, o Metrô circulará sem cobrança de bilhetes.

Após concluída essa fase, o Metrô entra na fase de operação completa, em que as composições circularão de 5h30 às 22h30, com 38 viagens em cada sentido, em um total de 76 viagens por dia. A previsão é que o Metrô do Cariri atenda uma demanda de cinco mil passageiros por dia, em média.

Trajeto:


De acordo com o governo, todo percurso de 13,6 quilômetros entre as cidades de Juazeiro do Norte e Crato será feito em 28 minutos por VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos). Serão duas composições com tração diesel hidráulico mecânica, formado por dois carros, equipados com ar condicionado, passagem tipo gangway e capacidade de transporte de 330 passageiros por composição.

Na cerimônia de inauguração, Gomes Cid Gomes assinará ainda uma ordem de serviço para a construção da rodovia que liga Jardim a Barbalha. A obra terá 38 quilômetros de extensão e receberá investimento de R$ 18,67 milhões. O prazo de construção é de 360 dias.
 
Fonte: Webtranspo (01/12/2009)